‘Plano de negócios é orientado pela urgência financeira’, diz ex-diretor da ANP

Ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, Helder Queiroz considerou o plano de negócios da Petrobrás “adaptado à realidade” da indústria de petróleo. Ele diz acreditar que a empresa está consciente da dificuldade de concorrer com o plano de venda de ativos de empresas petroleiras do mundo todo. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que o sr. achou do plano de negócios da Petrobrás?

Veio dentro do esperado: redução do investimento e adequação à situação financeira. É orientado pela urgência da questão financeira. Pela primeira vez, vi registrada em papel a prioridade dos projetos em águas profundas (como o pré-sal). Só não ficou nítida a orientação para os negócios de gás natural, destacado como combustível de transição, sem explicar como.

A redução da meta de desinvestimento reflete a dificuldade da empresa de achar compradores ou arrecadar o projetado?

A Petrobrás está mais consciente da realidade do mercado. Percebeu que os candidatos à compra estão cautelosos. Empresas de petróleo do mundo revisaram os planos de negócios e cortaram ativos. No Brasil, há ainda a confusão no plano político que dificulta a atração de investidores.

O aperto nos gastos foi pensado para compensar a redução do desinvestimento?

Acredito que sim. Mas tenho certeza que nos projetos de exploração e produção em águas profundas, considerados prioritários, os cortes não serão tão grandes. O corte deve ocorrer no que é menos rentável, como em áreas em terra ou mesmo em blocos marítimos de menor produtividade.

O foco do investimento em águas profundas é acertado?

Demonstra que a produtividade e a rentabilidade do pré-sal são altas e que os esforços levaram à redução de custo. Ficou nítido o interesse no pré-sal, mesmo que defenda o fim do regime de operador único.