É possível reduzir as emissões de metano ao mesmo tempo em que se favorece a produtividade pecuária? Essa é a aposta de um plano de monitoramento por satélite de pastagens lançado nesta quarta-feira (10) e que será aplicado por produtores da Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai.
A chave desse programa internacional é rastrear os níveis de pastagem em campos selecionados, em quadrados de dez metros a cada cinco dias. O objetivo é otimizar a alimentação do gado a céu aberto, melhorar a digestibilidade da forragem e reduzir a emissão de metano produzido durante a digestão animal.
Com melhorias de 10% na digestibilidade dos alimentos, ocorre uma redução de 20% nas emissões desse gás de efeito estufa, ressaltou, ao lançar o programa, a Global Methane Hub, uma organização filantrópica internacional.
“A novidade é a frequência, porque vamos ter informação a cada 5 dias. Até pouco tempo atrás tínhamos a cada um mês”, explicou à AFP Santiago Fariña, responsável sênior do Programa de Agricultura na Global Methane Hub.
Fariña exemplificou: “Algo que os produtores e seus técnicos tinham que fazer caminhando pelo campo (…) para poder estimar a quantidade de pasto e a qualidade, agora vamos poder fazer de forma remota e com mais precisão e mais frequência que antes”.
O especialista destacou que, diante das mudanças climáticas, é vital para os produtores conhecer os efeitos que as chuvas e o calor extremo têm sobre a pastagem “quase em tempo real”.
Na América do Sul, o programa abrange o Brasil, um dos três principais produtores de carne bovina do mundo; a Argentina e o Uruguai, ambos de matriz agroexportadora; e a Colômbia – com produção pecuária e leiteira.
Também se somam ao projeto, chamado “Time2Graze”, com um investimento total de 4,7 milhões de dólares (R$ 25,4 milhões), quatro países africanos: Nigéria, Zimbábue, Tanzânia e Uganda.
Para Fernando Lattanzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária do Uruguai (INIA), esse tipo de projeto gera uma transferência tecnológica que é “muito difícil” de alcançar para países como o Uruguai, de 3,4 milhões de habitantes e com mais de 10 milhões de cabeças de gado bovino.
Os promotores do programa – no qual participam mais de 35 organizações associadas na América Latina e na África – esperam que nos próximos anos outros países se associem às plataformas de monitoramento.
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