A pregação (quase) diária, desde que assumiu, contra o Banco Central, o presidente Roberto Campos Neto e a taxa de juros que Lula pratica à exaustão (de quem o escuta falar), tem, como se diz por aí, método.

O chefão petista governou o Brasil durante oito anos e teve como presidente do BC um dos melhores executivos do mundo, Henrique Meirelles, que, desafortunadamente, por obra e graça do eleitor brasileiro, não foi – ou é – presidente do Brasil.

Naquele tempo, Lula não dava pitaco nem se metia na política monetária praticada pelo BC. Primeiro porque Meirelles não permitiria. Segundo porque os resultados apareciam, e com eles, a popularidade do líder do mensalão subia sem parar.

DILMA

Tão logo emplacou seu poste Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, na Presidência da República, Lula viu a economia do País ir para as brecas graças ao abandono das boas políticas monetária e fiscal que havia.

O desastre produzido pela saudadora de mandioca é conhecido pelos viventes e entrará para os anais do Brasil como o pior período sócio-econômico em tempos de paz. Dilma simplesmente ceifou empregos, derrubou o mercado e destruiu o País.

Se “missão dada é missão cumprida”, lição dada, para o ex-tudo (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), não é lição aprendida. Lula quer retomar a política econômica de Dilma e nos atirar em uma nova estagflação.

GUERRA

Estagflação? Sim, estagnação com inflação, o pior cenário possível, principalmente para um país tão pobre e populoso como o Brasil. Exemplos não faltam por aí: Argentina, Venezuela e Turquia conhecem bem este duradouro ciclo perverso.

O “barba” investe contra a independência do Banco Central para: 1) arranjar um culpado para um possível fracasso econômico de seu governo; 2) pavimentar o caminho para o fim da independência da Instituição; 3) uma vez sob seu controle, indicar um poste qualquer.

Ato contínuo, a “alma mais honesta deste paíff” assumiria o comando da política monetária e… seja o que Deus quiser! Neste caso, o capeta. Se dependesse de Lula e seus “brilhantes” economistas, os juros no Brasil seriam negativos.

RESISTÊNCIA

A independência do Banco Central é uma conquista da sociedade brasileira. Salvo políticos populistas e picaretas, ninguém mais gostaria de retroceder neste assunto. Lula não surpreende, pois, ao desejar a volta à sua subordinação.

Juros baixos não dependem da vontade de uma pessoa, por mais poderosa que seja. Juros são o prêmio que o devedor perdulário paga ao endinheirado responsável. Se o Brasil não fosse tão mal governado nos últimos 70 anos (no mínimo!), a história seria outra.

Déficits fiscais recorrentes estão na origem da inflação e dos juros altos. Quanto mais endividado o Brasil, maior o risco de crédito, logo, maior o prêmio a ser pago pelo País aos “rentistas”, sejam pessoas físicas ou empresas financeiras.

2025

Lula sabe muito bem disso, mas na falta de vontade política para gastar menos e melhor, prefere os paliativos de sempre. De igual sorte é a desejada reforma tributária, eufemismo para aumento de impostos. Eles gastam, roubam e nos mandam a conta.

Para a sorte do Brasil – se é que posso chamar isso de sorte -, temos um Congresso com viés opositor também nesta questão. Ao menos até que o governo acerte o preço para uma mudança de pensamento, algo sempre possível, diga-se de passagem.

Tudo o mais constante, o BC continuará independente, seja no comando ou na política atual. Já a partir de 1 de janeiro de 2025, quando Campos Neto for substituído, a coisa poderá mudar de figura. Perigosamente, aliás, pois Lula indicará o novo presidente.

Até lá, o “sapo barbudo” tem duas opções: tentar alterar a lei, ou passar dois anos tumultuando o ambiente macroeconômico do País, causando turbulência nos mercados. Ah! Tem mais uma: ficar calado e trabalhar. Essa última, confesso, é a mais difícil.