Plano de Israel significa ‘sacrificar’ reféns, diz Hamas

ROMA, 8 AGO (ANSA) – O grupo fundamentalista islâmico Hamas afirmou nesta sexta-feira (8) que o plano de Israel de ampliar a ocupação na Faixa de Gaza significa “sacrificar” os reféns mantidos em cativeiro no enclave palestino.   

O pronunciamento chega poucas horas depois de o gabinete de segurança israelense ter aprovado uma proposta do premiê Benjamin Netanyahu para “controlar” a Cidade de Gaza, principal município do território.   

“Expandir a agressão significa sacrificar os reféns”, afirmou o Hamas, segundo a emissora Al Jazeera. “O uso do termo ‘controle’ em vez de ‘ocupação’ é uma tentativa de Israel de fugir de sua responsabilidade pelas consequências de seu crime brutal contra civis”, acrescentou o grupo.   

O plano de Netanyahu foi aprovado após 10 horas de discussões e prevê a evacuação de cerca de 1 milhão de habitantes da Cidade de Gaza, metade da população do enclave.   

“O gabinete político e de segurança aprovou a proposta do primeiro-ministro para a derrota do Hamas. As IDF [Forças de Defesa Israelenses] se preparam para tomar o controle da Cidade de Gaza”, diz um comunicado do governo, assegurando que Israel garantirá “assistência humanitária à população civil fora das zonas de combate”.   

O projeto, no entanto, é alvo de críticas no país devido ao temor de que o aumento da ocupação leve o Hamas a assassinar os cerca de 20 reféns ainda vivos no enclave. Durante a reunião, o comandante das IDF, Eyal Zamir, que é contra o plano, chegou a propor que o retorno dos sequestrados fosse removido dos objetivos da guerra e alertou que “não existe resposta humanitária para 1 milhão de pessoas”.   

Apesar disso, o governo manteve resgate dos reféns de 7 de outubro de 2023, “vivos e mortos”, entre os “cinco princípios para o fim” do conflito, assim como o desmantelamento do arsenal do Hamas, a desmilitarização da Faixa de Gaza, o controle da segurança no enclave por parte de Israel e a instituição de uma administração civil “alternativa”, excluindo até a Autoridade Nacional Palestina (ANP).   

Segundo o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, a decisão de Netanyahu de ocupar Gaza totalmente representa “uma violação do direito internacional” e causará “uma catástrofe humanitária sem precedentes”. O dirigente ainda reiterou o “direito do povo palestino à autodeterminação” e ainda instou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a incentivar uma “paz permanente”.   

O fórum que reúne famílias dos reféns do Hamas também criticou o plano do premiê israelense. “O governo condenou os reféns vivos à morte e aqueles que caíram ao desaparecimento. É uma declaração oficial de abandono dos reféns que ignora completamente os repetidos avisos da cúpula militar e o claro desejo da maior parte da opinião pública israelense”, afirmou o grupo. (ANSA).