A Arte vem do âmago de cada artista.

Muitas vezes surge como reação e/ou consequência de percepções do contexto da sociedade.

O Dadaísmo por exemplo, surgiu como reação aos horrores da Primeira Guerra Mundial e procurava desafiar convenções estabelecidas.

Para tanto os artistas liderados pelo pintor Tristan Tzara, publicaram Manifesto nos jornais europeus estabelecendo que “Dada não significa nada” e ali argumentam que as antigas formas de arte e cultura nada representam a sociedade do momento.

Tal movimento possibilitou o surgimento posterior do Surrealismo.

Voltando ainda mais no tempo, no final do Século XIX, a quebra de paradigma foi estabelecida pelo pintor Paul Gauguin que abandonou o estilo impressionista predominante para aquele momento passando a explorar outras técnicas, como a pintura em grandes planos de cores puras e a simplificação das formas.

Não por acaso sua pintura “Nafea Faa Ipoipo” é a tela mais valiosa de toda a história, leiloada em 2015 por 300 milhões de dólares. A obra em questão, retrata, não os arredores europeus, mas duas jovens retratadas por ele no Tahiti.

Voltando novamente para um período mais “recente “temos Andy Warhol e seus trabalhos da Pop Art na qual utilizou-se de imagens e objetos da cultura popular, como embalagens de produtos, logotipos de empresas, ícones da mídia e celebridades. Warhol se destacou por sua habilidade em transformar esses objetos mundanos em obras de arte, elevando-os à categoria de ícones culturais

Andy foi ainda responsável por trazer a luz o talento de Jean Michel Basquiat.

O artista representante da cultura urbana, traduzia em suas telas o grafite de rua e sua relação com o movimento Hip Hop. Abordou temas como a identidade negra e a experiência dos afro-americanos.

Portas de madeira, pedaços de papelão e dizeres sociais e políticos sacudiram a cena da arte contemporânea nova-iorquina

Os pontos acima, embasam a importância da quebra do status quo da Arte, mas de forma embasada e necessária.

Dessa forma a arte não apenas se reinventa no contexto plástico, mas também contribui para a evolução do olhar da sociedade.

Atualmente, em feiras milionárias de colecionadores de arte, banana colada sobre a parede, fotos bonitinhas e instagramáveis, tornam-se fenômenos de venda.

Particularmente (ciente do risco de tal afirmação) observo com receio os desdobramentos do atual cenário da arte.

Dessa forma, parafraseando o ativista Ailton Krenak acredito que “o futuro é ancestral”

Venho estudando e me maravilhando a um movimento contrário a esse “fast food” imagético no consumo da arte: o Movimento do PIXO.

Mais especificamente do PIXO Brasileiro.

O mesmo já vêm sendo tema de estudos sobretudo pela escola europeia de arte. Artistas como Djan (@criptadjan) e Bruno Rodrigues (@06bruno_rodrigues) vêm sendo temas de trabalhos de mestrado, doutorado, documentários além de constantemente convidados para mostras no exterior.

O tema ainda é malvisto por aqui.

Um olhar mais atento, no entanto, leva-se a observar a pluralidade e legitimidade de tal movimento.

O PIXO é altamente representativo de movimentos urbanos, daqueles que se sentem invisíveis “perante a sociedade.

Voltando um pouco as origens da escrita, sua Caligrafia artística expressa uma comunicação entre grupos e tribos. E mais do que isso exalta a existência e leva ao protagonismo artístico personagens do (sub) mundo.

O PIXO é singular. Em São Paulo é representado pelas linhas retas. O movimento foi influenciado pelas capas dos LPS de rock, lançados no “Point” (local de encontro de pichadores) : A Galeria do Rock, no centro de São Paulo, local no  qual surgiu o movimento. Tais LPS por sua vez foram influenciados pela antiga escrita Viking, denominada RUNAS) uma espécie de Antropofagia as avessas.

Já o Pixo carioca, é arredondado assim como as edificações de Oscar Niemeyer, e o mineiro, é a mescla dos dois anteriores.

É fato que assim como todos os movimentos de arte, há o PIXO belo e o Pixo não tão belo assim.

Para saber observá-lo é necessário entender o movimento do underground.

O Pixo é proibido e assim sua representação está nos espaços mais degradados, o que por certo, não ajuda a justa observação.

Para desentendidos o Grafite é Belo e o Pixo é feio. Um grave equívoco analítico. Ambos andavam de mãos dadas no início dos anos 80.

O Grafite, teve um maior entendimento, talvez porque alguns personagens brasileiros, como OS GÊMEOS foram merecidamente alçados ao Status de Vanguarda da arte mundial.

Em breve, acredito que teremos o mercado internacional da arte, abraçando Pixadores, e assim ele encontre o espaço que lhe é cabível.