O senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator do pacote de projetos para redução do preço dos combustíveis no Senado, considerou “um pouco infeliz” a nomeação do economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras, já que o governo está em fim de mandato e não haverá tempo para Pires implantar as mudanças que acha necessárias.

“Ele (Pires) não terá tempo de fazer o que acha correto, eu até discordo do que ele quer fazer, mas respeito. Não é um perfil de administrador de emergências, é um perfil guinadas estruturais, e isso não é cabível em fim de mandato”, explicou Prates ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobras, Pires deve ter seu nome aprovado em assembleia no próximo dia 13 de abril. Desta maneira, terá apenas oito meses de gestão sob o governo Bolsonaro, e, dependendo de quem vencer as eleições presidenciais, pode não continuar em 2023.

Praticamente da mesma geração, apesar de estarem e lados políticos opostos, Pires e Prates são figuras conhecidas do setor de petróleo e gás natural desde a década de 1990, quando ocorreu a abertura do mercado no governo Fernando Henrique Cardoso e começaram os leilões de áreas de petróleo e gás. Já os setores de refino e de transporte de óleo e gás natural (gasodutos) permaneceram com a empresa, mas começaram a ser vendidos a partir de 2016.

“Adriano é uma pessoa extremamente neoliberal, é um paladino, defensor intransigente do neoliberalismo noventista. Ele preconiza a privatização total da Petrobras, mesmo que seja aos pedaços”, destacou Prates, reforçando que não haverá tempo hábil para o economista acelerar a venda de ativos, por exemplo.

De acordo com o senador, Pires vai enfrentar muita resistência em decisões estruturais, principalmente em ano eleitoral.