A organização da Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo, fechou o cerco contra os “pipocas”, pessoas que correm o evento sem pagar a taxa de inscrição. Desde as primeiras horas da manhã de domingo os acessos à avenida Paulista, de onde parte a prova, estavam fechados e pessoas da organização e bombeiros faziam a vigilância para não deixar passar ninguém que não tivesse o número de identificação colocado no peito.

A triagem foi feita também na chegada e o argumento da organização é que não poderia faltar os serviços oferecidos para quem pagou a taxa de R$ 170 para correr. “Esse é o lugar para quem se inscreveu. Queremos que apenas os atletas inscritos possam utilizar os serviços da prova como consumo de água, lanche, entrega de medalhas”, repetiu por diversas vezes o locutor do evento.

Muita gente encontrou na barreira de segurança um motivo para desistir de correr, mas várias outras conseguiram burlar o bloqueio de alguma forma, seja aproveitando o momento que os fiscais se distraíam com alguma coisa ou utilizando números de inscrição de outros eventos ou de anos anteriores da São Silvestre a identificação costuma ser semelhante a de outras corridas.

O corredor Juvenal Ferreira de Andrade, que estava em sua 17.ª participação na São Silvestre, foi vestido pelo sétimo ano seguido como Ayrton Senna, com capacete e macacão de piloto, e conseguiu entrar como “pipoca”. “Eu tentei pagar a taxa de inscrição, mas perdi o prazo e acabou bloqueando o boleto. Vim assim mesmo. A inscrição é cara e não tenho patrocínio”.

Ele até brincou dizendo que não iria tirar a água dos competidores inscritos. No ano passado, houve falta de água para hidratação de alguns atletas e isso gerou polêmica. “Larguei o cigarro e as drogas com a corrida. É uma prova de rua, é difícil tirar todo mundo daqui. Tem gente que não tem condição de pagar, mas deveria poder participar da festa”.

Juvenal Ferreira Andrade estava acompanhado do amigo Silvio Souza Santos, que costuma correr a São Silvestre. “Estava muito caro, então não paguei a taxa. Já teve ano que me inscrevi, outros não. A crise pegou muita gente”, disse mais um dos “pipocas”.