A justiça da Coreia do Sul atribuiu formalmente a uma das maiores artistas do país a autoria de uma tela que a falecida artista denunciou como falsa durante décadas, o que provocou uma grande polêmica na península.

“Beautiful Woman”, uma obra atribuída a Chun Kyung-Ja (1924-2015), está há vários anos no centro de uma curiosa batalha legal, com a artista e sua família de um lado e o Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea (MMCA) da Coreia do Sul do outro.

Chun Kyung-Ja, que faleceu aos 91 anos em Nova York, se tornou famosa por seus retratos de mulheres enfeitadas com flores de cores vivas, longe da tradicional pintura sul-coreana. Suas obras são negociadas por até um milhão de dólares em leilões.

Chun afirmou até a morte que não era a autora de “Beautiful Woman”, uma obra produzida em 1971 e que pertence ao MMCA.

“Os pais sabem reconhecer seus filhos. Esta pintura não é minha”, insistia, enquanto o museu alegava o contrário, com a mesma veemência.

A justiça começou a investigar o caso após uma denúncia de uma filha da artista, que acusava a direção atual e as anteriores do museu de prejudicar a reputação de Chun com a afirmação de que o quadro era autêntico.

Em suas conclusões, apresentadas na segunda-feira, os investigadores deram razão ao museu, com base em elementos científicos e na opinião de especialistas.

Além disso, explicaram a origem da tela ao informar que havia pertencido ao diretor do Serviço de Inteligência Sul-Coreana (NIS), Kim Jae-gyu.

O Estado passou a ser dono da obra quando Kim Jae-gyu foi executado em 1980 por ter assassinado no ano anterior o ex-ditador Park Chung-Hee.

“Tentamos descobrir a verdade utilizando todas as tecnologias disponíveis para autenticar obras de arte”, explicou o Ministério Público.

Em um comunicado, a família da falecida artista rejeitou as conclusões da investigação e acusou o Ministério Público de tentar ajudar o Museu Nacional a salvar sua imagem.