Há diversas maneiras de retratar um autocrata no cinema. Em relação a Adolf Hitler, por exemplo, foi possível apresentá-lo como uma figura ridícula, como Charles Chaplin fez de forma brilhante em O Grande Ditador, ou revelar sua crueldade intrínseca, como Oliver Hirschbiegel demonstrou em A Queda. Mas o chileno Pablo Larraín é conhecido pela visão original que imprime a personagens históricos. Não seria diferente, portanto, ao retratar Augusto Pinochet, o sanguinário e corrupto general que governou seu país durante 17 anos. Em O Conde, disponível na Netflix, o militar é apresentado como um vampiro nascido há 250 anos, em meio à Revolução Francesa, que descobre sua vocação ao lamber o pescoço de Maria Antonieta. Cansado de sangue europeu, viaja para a América do Sul no início do século 20 para experimentar novos sabores. O filme pula então a época da ditadura, e vai direto para sua decadência e exílio voluntário. Já mais velho, o cansado vampiro ainda tem forças para deixar sua mansão em uma ilha no sul do Chile e voar até Santiago, onde arranca o coração das vítimas e abastece seu estoque de sangue. O enredo parece típico de um filme de terror, mas os diálogos brilhantes de Larraín são usados para ilustrar, com rigor histórico, o absurdo das atrocidades cometidas por Pinochet contra os chilenos.

Um diretor obcecado por biografias

Pinochet, um ditador vampiro
(Juan Pablo Montalva/Netflix)

Não é a primeira vez que o chileno Pablo Larraín adapta a vida de um personagem real para as telas. Em 2016, retratou no filme Neruda o também chileno Pablo Neruda, poeta e diplomata que ganhou o Nobel em 1971. No ano seguinte foi a vez de Larraín abordar a trajetória da ex-primeira dama dos EUA Jaqueline Kennedy, cuja vida inspirou o longa Jackie. Já a princesa Diana foi tema de Spencer, que mostrou um lado pouco conhecido da realeza.

Para LerPinochet, um ditador vampiro

O mestre do horror está de volta com Holly, obra em que adota um estilo um pouco diverso: em vez dos fenômenos sobrenaturais, o novo livro de Stephen King retoma a personagem Holly Gibney, uma detetive contratada pela mãe para encontrar sua filha perdida.

Para Ver

Pinochet, um ditador vampiro
(Divulgação)

A história de Suzane von Richthofen ganha mais um longa produzido pelo streaming Amazon Prime. A Confissão reúne de novo a atriz Carla Diaz e o diretor Maurício Eça, que já haviam trabalhado juntos em A Menina que Matou os Pais.

Para ouvir

Pinochet, um ditador vampiro
(Divulgação)

A cantora Roberta Campos nunca escondeu o apreço pelo grupo Kid Abelha. Pois ela decidiu homenageá-lo com uma versão da canção Grand Hotel, sucesso de 1990. É a primeira da série de regravações que incluirá Marisa Monte e Djavan.

Streaming
Uma cozinheira modelo

Pinochet, um ditador vampiro
(Divulgação)

Ambientada no início da década de 1950, a série Lições de Química (AppleTV+) acompanha a trajetória de Elizabeth Zott (interpretada por Brie Larson), cujo sonho de se tornar cientista é colocado em espera devido aos preconceitos da época. Ao ser demitida do laboratório, ela torna-se apresentadora de um programa de culinária na TV e embarca na missão de ensinar a uma nação de donas de casa conceitos de independência que vão bem além das receitas. Inspirada no best-seller de ficção da norte-americana Bonnie Garmus.

Orquestra
A casa da música clássica

Pinochet, um ditador vampiro
(Divulgação)

A gravadora Deutsche Grammophon, o mais icônico selo de música erudita do mundo, celebra 125 anos com uma seleção especial de conteúdo exclusivo oferecido por meio da Qobuz, plataforma de música de alta qualidade. Ao todo, estão disponíveis mais de 6.500 álbuns, com destaque para os concertos regidos por Herbert von Karajan (foto) e Leonard Bernstein, além de artistas contemporâneos como Lang Lang, Gustavo Dudamel e Max Richter, entre outros. “São gravações essenciais do século 20 e 21,” diz Marc Zisman, do Qobuz.

Teatro
Evento celebra a vida de Zé Celso

Pinochet, um ditador vampiro
(Andre Stefano Fotografias e Audiovisual)

“Eu não sou de resisitir, eu sou de reexistir.” A expressão é o tema de um dos eventos mais tradicionais do teatro brasileiro: o Festival Satyrianas chega a sua 24ª edição com um tributo a Zé Celso Martinez Corrêa, que faleceu em julho. Serão 86 horas ininterruptas de programação entre 12 e 15/10, em doze palcos espalhados por São Paulo. Estão previstas mais de 400 atrações, todas gratuitas, entre elas Bailado do Deus Morto, no Teatro Oficina, e As Bruxas de Salém (foto), com Os Satyros.

Literatura
A obra-prima do autor africano

Pinochet, um ditador vampiro
(Joel Saget)

O tanzaniano Abdulrazak Gurnah era desconhecido do público brasileiro até receber o Nobel de Literatura, em 2021. Desde então, seus dois livros traduzidos para o português, Sobrevidas e À Beira-Mar, conquistaram os leitores e os prepararam para o lançamento de Paraíso, que sai agora e é considerado o seu melhor livro. Gurnah se consolidou como um dos maiores autores sobre a África pós-colonial, continente que ainda sofre com as marcas da exploração europeia.Pinochet, um ditador vampiro