A Pinacoteca do Estado de São Paulo inaugurou sábado, 26, três exposições de décadas e estilos diferentes, que possuem entre si uma única intenção: levar o público a refletir sobre a sociedade.

A primeira delas é a Léon Ferrari: Nós Não Sabíamos, que apresenta algumas das obras feitas pelo argentino durante as décadas de 1960 e 1970, quando se refugiou no Brasil da ditadura que se iniciava na Argentina. Dentre as peças expostas, estão colagens feitas com folhas de jornais e revistas, ‘enfeitadas’ com figuras de santos e militares, em uma crítica direta ao controle exercido pelos aparatos de violência de seu país natal, fortemente presentes durante toda aquela época.

“Sua exposição nos mostra a importância de olharmos para os caminhos que já percorremos, como sociedade, e questionar se de fato queremos repeti-los”, explica Valéria Piccoli, curadora da Pinacoteca.

A segunda é Gravura e Crítica Social, que reúne grandes artistas da xilogravura no Brasil, como Lasar Segall, Oswaldo Goeldi e Renina Katz. Nesse caso, o impressionante é que as obras, que datam de setenta anos atrás, ainda vão parecer muito atuais aos olhos do público.

“Renina Katz observou muito, durante a década de 1950, o êxodo do nordestino para São Paulo. Ela também tinha um olhar especial para as figuras da favela. Todas essas são preocupações ainda muito presentes hoje em dia, e que nos levam a pensar sobre que tipo de sociedade estamos construindo”, explica Piccoli.

A novidade desta maratona fica por conta de Nem Mesmo os Mortos Sobreviverão, do catalão Adrià Julià, que realiza sua primeira exposição individual aqui no Brasil. Como tema, ele vai explorar o valor material das imagens, em um cenário cada vez mais imaterial e digital.

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Para se inspirar, Julià utilizou os trabalhos do francês Hercule Florence, o que fica perceptível na peça mais peculiar de sua exposição: uma máquina que usa o cloreto de ouro e a urina humana para criar, diariamente, uma nova imagem.

“A experimentação é um dos pontos de partida dessa exposição, que mostra essas imagens que já existiram, mas que sumiram, se transformaram ou que alteraram seu valor”, explica Julià em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Já o título fica sendo um mistério. “Quero despertar o imaginário do público. Então, cabem, neste título, uma série de interpretações que devem ser pessoais de cada um”, finaliza Julià.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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