21/09/2016 - 16:42
O vice-líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), negou que o partido tenha participado das articulações para colocar em votação um projeto que na prática anistiaria o caixa 2 de campanha. Para o petista, a manobra foi organizada às pressas porque a base aliada do governo de Michel Temer já o cobra pela aprovação do impeachment de Dilma Rousseff. “O governo Temer está diante de uma encruzilhada. Seus aliados cobram que ele cumpra promessas que fez quando afirmava que afastada a presidente Dilma, ele resolveria a situação dos investigados”, afirmou.
Na avaliação de Pimenta, os governistas estão exigindo de Temer o pagamento da “conta do golpe”. De acordo com o petista, parlamentares teriam dito durante a votação do afastamento de Dilma no plenário da Câmara que Temer teria assegurado que eles seriam protegidos nas investigações da Operação Lava Jato. “O que o Geddel está dizendo é exatamente aquilo que o Temer prometeu”, declarou.
Ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou ontem que o Palácio do Planalto não foi consultado sobre a tentativa de votar a anistia à prática do caixa 2, mas disse ser “pessoalmente” a favor da medida. Geddel disse que se houvesse uma nova regra tipificando o crime de caixa 2, quem praticou isso no passado não poderia ser penalizado. “O Congresso tem que fazer essa discussão sem medo”, defendeu.
Pimenta disse que nos bastidores, a nova base governista está cobrando o cumprimento da promessa para votar as matérias de interesse do governo, por isso a pressa para colocar em votação a anistia. “Nós não temos dúvida de que este fato que ocorreu na segunda-feira é só mais uma demonstração dos acordos de madrugada, espúrios e clandestinos, que ainda virão à tona, que permitirão à população compreender de maneira mais clara os reais objetivos do afastamento da presidente Dilma”, disse.
O vice-líder reiterou que a bancada não se envolveu na discussão do projeto e que se eventualmente um ou outro parlamentar participou, não caracteriza o apoio do PT à iniciativa. Hoje, o PCdoB também informou que a bancada não participou das articulações. “Os parlamentares foram surpreendidos durante a sessão”, enfatizou Pimenta.