Vários pilotos americanos relataram, no final de 2018, em uma base de dados anônima da Nasa, incidentes com os comandos do Boeing 737 MAX 8, cujo modelo registrou duas quedas recentemente.

Segundo documentos públicos, vários dos incidentes parecem estar relacionados com o sistema de controle destinado a evitar a desestabilização da aeronave, o “MCAS” (Manoeuvering Characteristics Augmentation System), envolvido no letal acidente em outubro passado de um Boeing 737 MAX da companhia indonésia Lion Air.

Consultada pela AFP, a Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês) não quis fazer comentários sobre elementos específicos dessa base de dados.

Um dos reportes, datado de novembro de 2018, afirma que, depois da tragédia da Lion Air que deixou 189 mortos na Indonésia, o copiloto de um Boeing 737 MAX 8 descreveu um incidente pouco depois da decolagem.

Quando o avião alcançou a velocidade apropriada, “ativou-se o comando de bordo ‘A’, o piloto automático. Em dois, ou três, segundos, o avião começou a descer”.

“Gritei ‘queda’ justo antes de soar o GPWS (Ground Proximity Warning System, ou Sistema de Alerta de Proximidade de Terra)” na cabine, acrescentou. “O comando de bordo imediatamente desconectou o piloto automático e corrigiu o avião”, descreveu.

“O restante do voo transcorreu sem incidentes”, explicou o copiloto. “Mas não consegui encontrar uma razão para explicar porque o avião desceu de maneira tão abrupta”, insistiu.

O copiloto disse que, antes do voo, estava “bem descansado” e que havia discutido sobre as recentes determinações sobre o MCAS do MAX 8.

Até o momento são desconhecidas as razões da queda, no último domingo, de um 737 MAS 8 da companhia aérea Ethiopian Airlines. Encontradas na segunda-feira, as caixas-pretas do avião ainda não foram decodificadas.