Um piloto da VoePass alertou sobre a carga excessiva de trabalho e da fadiga dos comandantes durante os voos. A declaração foi dada durante audiência pública realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em junho. 

Luís Cláudio de Almeida afirmou que foi acionado em dias de folga e que precisou desligar o telefone em alguns momentos. Ele também criticou a falta de translados para o aeroporto de Guarulhos e disse pegar caronas com colegas de outras companhias. 

“A empresa, às vezes, me liga para fazer um voo: ‘Vai, vai que dá’. ‘Mas [na escala] diz que não é para ir’”, afirmou. 

“A gente acorda da escala, quando você acorda tem oito ligações da escala no seu dia de folga. Eu estava de folga e precisei desligar meu celular”, concluiu o piloto. 

Ele ainda defendeu o alerta para que tragédias não aconteçam. “Não queremos entrar nessa estatística. Queremos conforto”, declarou. 

Em nota, a Voepass negou a carga excessiva de trabalho e disse seguir todos os requisitos sobre jornada de trabalho e folgas. 

“A empresa cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC- 117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes”, explicou a empresa.

Na sexta-feira, 9, um avião da companhia caiu em um condomínio residencial em Vinhedo, no interior de São Paulo. A aeronave saiu de Cascavel (PR) e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos.

A decolagem aconteceu por volta das 11h58 e o pouso aconteceria às 14h. Por volta das 13h30, a aeronave começou a ter problemas e entrou em situação de “parafuso chato”.

O avião transportava 58 passageiros e quatro tripulantes, sendo que todos morreram. A formação de gelo na asa é vista como uma das hipóteses para o acidente, que só será cravado após o relatório do Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Veja o vídeo – a partir de 3h14min