VATICANO, 22 ABR (ANSA) – Experiente, moderado, “número 2” na hierarquia da Cúria Romana: não é à toa que o cardeal italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano desde 2013, aparece como favorito nas casas de apostas para suceder o papa Francisco no trono de Pedro.
Embora conclaves muitas vezes tenham desfechos imprevisíveis, Parolin, 70 anos, aparece com uma possibilidade de vitória de 35%, segundo a plataforma “OddsChecker”, seguido pelo filipino Luis Antonio Tagle (25%) e pelo também italiano Matteo Zuppi (13%).
Nascido em Schiavon, no Vêneto, em 17 de janeiro de 1955, o prelado italiano é filho de um negociante de ferramentas, Luigi Parolin, e da professora Ada Miotti, mas ficou órfão de pai com apenas 10 anos de idade.
Parolin entrou para um seminário em Vicenza em 1969 e foi ordenado como padre em 27 de abril de 1980. Três anos depois, entrou para a Pontifícia Academia Eclesiástica, conhecida por formar os futuros diplomatas do Vaticano. Já em 1986, se formou em direito canônico na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e logo entrou no serviço diplomático da Santa Sé.
Ao longo da carreira, serviu nas nunciaturas apostólicas na Nigéria e no México e depois atuou na Secretaria de Estado, no Vaticano. Em novembro de 2002, Parolin foi nomeado subsecretário para as Relações com os Estados, um dos cargos mais importantes da pasta, por João Paulo II, ocupando-se sobretudo das relações com países asiáticos, como Vietnã e China.
Além disso, foi núncio apostólico na Venezuela entre 2009 e 2013, um período marcado por tensões nas relações entre a Igreja Católica e o governo bolivariano de Hugo Chávez.
Com ampla bagagem acumulada na diplomacia vaticana, Parolin foi nomeado pelo papa Francisco como secretário de Estado em 21 de agosto de 2013, assumindo o cargo – equivalente a uma espécie de “primeiro-ministro” do Vaticano, abaixo apenas do pontífice – em outubro daquele ano. Em 22 de fevereiro de 2014, foi o primeiro cardeal criado por Jorge Bergoglio.
Ao longo dos últimos anos, o italiano foi um dos colaboradores mais próximos de Francisco, ocupando assentos na comissão de vigilância sobre as finanças da Santa Sé e no conselho de cardeais responsável pela reforma da Cúria Romana.
Falante de francês, inglês e espanhol, além de sua língua materna, Parolin é tido como um cardeal de perfil moderado, capaz de alcançar compromissos entre as alas progressistas e conservadoras do clero.
Ao longo da carreira, defendeu que o celibato não é um “dogma” católico e poderia ser discutido, além da democratização da Igreja. Por outro lado, já definiu o casamento homoafetivo como “uma derrota para a humanidade”.
Ao mesmo tempo, é conhecido de líderes mundiais e de todos os cardeais e ostenta o feito de ter aproximado o Vaticano da China, embora o acordo com Pequim para dar ao Papa voz na nomeação de bispos no país tenha sido alvo de críticas de franjas mais conservadoras. Parolin também acumula experiência em assuntos ligados ao Oriente Médio e à América Latina.
O conclave ainda não tem data marcada, mas deve começar na primeira quinzena de maio. Ao todo, 135 cardeais eleitores estão aptos a participar da votação, e será eleito aquele que alcançar pelo menos dois terços dos votos.
A Igreja Católica não tem um papa italiano desde João Paulo I, ou Albino Luciani, que foi pontífice por apenas 33 dias, entre 26 de agosto e 28 de setembro de 1978. (ANSA).