Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem/ Instituto Tomie Ohtake, SP/ até 14/8

“La Baiser”, de 1969
“La Baiser”, de 1969 (Crédito:RMN-Grand Palais (Musée national Picasso-Paris) / Berizzi Jean-Gilles)

É bastante especial caminhar por entre obras que foram escolhidas por um artista para estar ao seu lado por toda a vida. Poderia se dizer que elas guardam uma aura de intimidade e afeto, cultivada ao longo de anos de convivência. Essa situação torna-se ainda mais privilegiada se o artista em questão é Pablo Picasso. Em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, a partir de domingo 22, a mostra “Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem” traz nada menos que 116 trabalhos – 34 pinturas, 42 desenhos, 20 esculturas e 20 gravuras – pertencentes ao Musée National Picasso, de Paris, cujo acervo é formado por peças provenientes do espólio do grande artista espanhol. Trata-se, portanto, de um museu “pessoal”, composto por obras que estavam nos seis ateliers que o artista mantinha em diversos lugares da França.

VIAGEM De São Paulo, as obras seguem para o Rio de Janeiro e Santiago do Chile. Ao lado, “Deux Femme Courant sur La Plage (La Course)”, de 1922
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De São Paulo, as obras seguem para o Rio de Janeiro e Santiago do Chile. Ao lado, “Deux Femme Courant sur La Plage (La Course)”, de 1922 (Crédito:Photo RMN/Béatrice Hatala)

Com curadoria de Emilia Phillippot, do museu parisiense, a mostra compõe um retrato do artista em um percurso cronológico-temático de suas principais fases. O Picasso construído pela curadoria é multifacetário: exorcista, cubista, clássico, surrealista, engajado, experimental, erótico. Acima de tudo, íntimo. A intimidade se revela em retratos da mãe, do primogênito e do amigo de juventude que se suicidou em 1901 por um desilusão amorosa, representado no precioso “A Morte de Casagemas”.

PARTICULAR “Guitare”, de 1924. Obras reunidas agora fizeram parte da coleção pessoal de Pablo Picasso
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“Guitare”, de 1924. Obras reunidas agora fizeram parte da coleção pessoal de Pablo Picasso (Crédito:RMN - Béatrice Hatala)

“Picasso foi permeável a muitas influências”, diz Phillippot à ISTOÉ. “Mostramos o sincretismo de suas referências, a fim de chegar a algo bem pessoal”. Entre as influências que se destacam das primeiras fases estão a art nouveau; Toulouse-Lautrec; El Greco; o expressionismo alemão; arte africana; Van Gogh e o pós-impressionismo, que se revelam na pincelada do quadro dedicado a Casagemas.

Picasso assimilava influências como uma esponja e nunca teve pruridos sobre isso – pelo contrário –, mas também foi um pioneiro insuperável. Foi notoriamente o autor da primeira colagem da história da arte, realizada em 1912, e também um precursor nos estudos da arte africana, em que elaborou as linhas mestras para “Les Demoiselles D’Avignon” (1907). Desenhos, pinturas e estudos preparatórios desta que foi uma de suas obras-primas estão em exibição na mostra, que posteriormente viajará para o Rio de Janeiro e Santiago do Chile.


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