A queda de 5,0% na construção em 2017 impediu um avanço do PIB da indústria no ano. “A indústria deu contribuição zero ao crescimento do PIB de 2017”, ressaltou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao comentar os dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgados nesta quinta-feira, 1º de março.

O PIB industrial encerrou 2017 com estabilidade, apesar do avanço de 1,7% na indústria de transformação; expansão de 4,3% nas extrativas; e elevação de 0,9% na produção e distribuição de eletricidade, gás e água.

A alta de 1,7% na indústria de transformação em 2017 interrompeu três anos de quedas, enquanto a retração de 5,0% na construção foi o quarto resultado anual negativo consecutivo.

Rebeca lembrou que o mau desempenho da construção puxou para baixo não apenas a indústria, mas também a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB).

“Com a crise fiscal, uma das primeiras coisas que o governo corta são investimentos. Teve uma redução importante dos gastos do governo nesse período, e também na área privada”, justificou Rebeca. “É normal que ela (construção) demore um pouco mais para recuperar mesmo”, avaliou.

A Formação Bruta de Capital Fixo recuou 1,8% em 2017. O componente máquinas e equipamentos cresceu 3,0%. O componente construção recuou 5,6% no ano. O componente que se refere aos outros tipos de investimentos, como pesquisa em inovação e desenvolvimento, aumentou 1,2%.

“Máquinas e equipamentos está positivo, muito em função da produção nacional, compensando em parte a queda da construção na taxa de investimento”, apontou a coordenadora do IBGE.

Marcas

Mesmo tendo registrado estabilidade em 2017, o desempenho da indústria no ano passado foi o melhor desde 2013, quando subiu 2,2%, informou Rebeca Palis. A indústria de transformação subiu 1,7%, interrompendo três anos seguidos de queda, enquanto o segmento da construção civil continua influenciado a taxa para baixo, com queda de 5% em 2017, o quarto resultado negativo consecutivo, destacou a coordenadora. “A queda da construção realmente puxa para baixo os investimentos do ano passado”, concluiu.

A indústria extrativa foi a que mais ajudou a trazer estabilidade para a indústria como um todo, subindo 4,3% e 2017 contra 2016. Segundo Rebeca, a alta do setor de serviços em 2017, de 0,3%, também interrompe dois anos de queda consecutivas. A última alta do setor de serviços foi registrada em 2014, de 1,0%.

Já a alta do consumo das famílias, de 1%, deixa para trás dois anos de resultados negativos, ficando porém abaixo da última alta registrada, em 2014, de 2,3%.

“Pela ótica da despesa, o grande destaque é o consumo das famílias, após dois anos de queda a gente vê crescimento de 1%. O PIB geralmente se comporta perto do consumo das famílias, e este ano foi igual”, observou a coordenadora, lembrando que o bom desempenho da agropecuária está diretamente relacionada ao consumo das famílias.

O consumo do governo teve em 2017 a terceira queda consecutiva, de 0,6%, e a Formação Bruta de Capital Fixo caiu 1,8%, a quarta queda seguida.

As importações interromperam três anos de queda e subiram 5% no ano, com destaques positivos para petróleo, equipamentos eletrônicos e de comunicação, vestuário e bebidas. As exportações tiveram desempenho positivo, com alta de 5,2% e destaque para produtos agrícolas, petróleo e gás natural, automóveis, máquinas e equipamentos.