O Produto Interno Bruto (PIB) da Construção Civil no País deve crescer 2,0% em 2018, de acordo com projeção divulgada nesta quinta-feira, 30, pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Se essa perspectiva de crescimento for confirmada no próximo ano, o setor chegará a uma inflexão após três anos seguidos de recessão. O PIB da Construção deve recuar 6,4% em 2017, de acordo com estimativa revisada pelas entidades. No começo deste ano, a previsão inicial era de que o setor alcançaria uma expansão de 0,5%.

A indústria da construção permaneceu sob pressão negativa de uma série de fatores ao longo dos últimos meses. Do lado do mercado imobiliário, ainda há ocorrência de muitos distratos nas vendas e dificuldade dos incorporadores em baixar os estoques, o que inibe o desenvolvimento de novos projetos. Além disso, o Minha Casa Minha Vida (MCMV) contratou menos empreendimentos do que a meta divulgada. Já no campo das obras de infraestrutura, houve paralisação de investimentos públicos em meio aos escândalos revelados pela Operação Lava Jato e à crise fiscal.

“O investimento não reagiu da maneira esperada, e nós vamos encerrar o ano com uma queda no PIB da construção. É algo bastante ruim”, comentou a coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, durante entrevista coletiva à imprensa. “Há um excesso de oferta de imóveis tanto residenciais quanto comerciais. O desemprego ainda está elevado, e os consumidores tiveram restrição de crédito. Os bancos estiveram rigorosos na concessão de financiamento”, explicou. A coordenadora disse que houve melhora nas contratações do MCMV nos últimos meses, mas as obras só terão início no próximo ano, sem efeitos para o PIB de 2017.

O presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, observou também que o investimento público ficou em um patamar abaixo de 1,5% do PIB Nacional, um patamar ainda menor do que nos últimos anos. Desse modo, novas obras foram novamente postergadas. “Esse é um nível baixíssimo. Para que o Brasil tenha uma infraestrutura que atende às suas demandas, seria preciso que esse patamar chegasse a 5%”, ressaltou.

Emprego

A quantidade de pessoas empregadas no setor da construção civil no País deverá encolher 11% em 2017, de acordo com as projeções divulgadas pelo Sinduscon-SP e FGV. Com isso, o número de trabalhadores na construção deverá voltar ao mesmo patamar de 2009, em torno de 2,4 milhões.

O número de trabalhadores no setor da construção civil no País caiu 0,18% na comparação de outubro com setembro, registrando o fechamento de 4,4 mil postos de trabalho. As vagas fechadas em outubro representam praticamente o mesmo número de vagas criadas nos três meses anteriores, indicando que a recuperação do setor ainda não é uma realidade. Já no acumulado dos últimos 12 meses, foram perdidas 192 mil vagas.

“O setor deve fechar o ano configurando o terceiro ano de queda no número de trabalhadores. Mais de 1 milhão de postos de trabalho foram fechados entre 2014 e 2017. Isso mostra como o setor de construção puxou para baixo o resultado da economia brasileira”, avaliou a coordenadora de estudos da construção, Ana Maria Castelo, durante entrevista coletiva à imprensa.

A pesquisadora calculou ainda que, se o PIB da construção tivesse crescido 0,5% em 2017 conforme previsto inicialmente, o PIB do Brasil poderia ficar em torno de 1,2% neste ano.