A Procuradoria-Geral da República avaliou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) via como inadmissível a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Bolsonaro e outros 33 suspeitos foram denunciados nesta terça-feira, 18, pela PGR no inquérito que investiga um plano de golpe de Estado.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro e seus aliados não admitiam perder as eleições, especialmente para Lula. Para a Procuradoria, a derrota, ou a iminência dela, foi o estopim para o início do plano.
“O que se pedia – diga-se – nada mais era do que um golpe militar, que propiciasse que os resultados das urnas fossem elididos por meio de insubmissão às regras democráticas de transição de poder. Na realidade, se para a organização criminosa perder o poder era inadmissível, mais ainda o era perder especificamente para o candidato que se sagrou vencedor”, afirma a denúncia.
“A organização criminosa, sob liderança de JAIR MESSIAS BOLSONARO, traçou estratégias para impedir a posse do presidente eleito e forçar uma intervenção militar, com base em alegações fraudulentas de fraude eleitoral”, ressalta a PGR.
A Procuradoria endossou o relatório da Polícia Federal, que citou os ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral do país como uma estratégia da cúpula para viabilizar o golpe. O documento menciona o uso da desinformação para atiçar os apoiadores do ex-presidente, com a anuência e participação direta de Bolsonaro.
“JAIR MESSIAS BOLSONARO tinha conhecimento detalhado e participação ativa no planejamento das ações, orientando seus aliados sobre os passos a serem tomados”, aponta a PGR.
Jair Bolsonaro ainda é apontado como um dos responsáveis pelo decreto de golpe de Estado discutido no Palácio do Planalto. A PGR citou a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que relatou alterações feitas pelo ex-presidente no documento.
Segundo a Procuradoria, a proposta foi entregue a Bolsonaro por Filipe Martins, um dos assessores do ex-chefe do Planalto. O tema foi debatido em reunião com os comandantes das Forças Armadas e, de acordo com a PGR, Jair Bolsonaro pressionou os militares a aderirem ao plano de golpe.
“JAIR MESSIAS BOLSONARO, junto com seus aliados mais próximos, pressionou militares de alta patente a aderirem ao golpe, oferecendo cargos e garantias em um eventual governo de exceção”, afirma a denúncia.
“Registros de reuniões indicam que Bolsonaro discutiu pessoalmente com militares a possibilidade de decretação de Estado de Defesa como forma de reverter o resultado das eleições”, ressalta o documento.