Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – A Polícia Federal considerou que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes ao fazer uma associação –sem provas e falsamente– entre a vacinação contra Covid-19 e o suposto desenvolvimento da Aids, pediu a prorrogação do inquérito que investiga o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e quer tomar o depoimento do chefe do Executivo.

Em manifestação encaminhada no final da tarde desta quarta-feira ao STF, a delegada da PF Lorena Lima Nascimento entendeu que Bolsonaro encorajou o descumprimento da medida sanitária que obrigava o uso de máscaras, delito de incitação ao crime, e ainda provocou alarme a terceiros de um perigo inexistente, o que seria uma contravenção penal — outro delito de menor potencial ofensivo.

A PF pede que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, relator do inquérito, autorize a corporação a indiciar Bolsonaro e outros envolvidos no caso.

Em uma transmissão pelas redes sociais em outubro do ano passado, o presidente disse que relatórios do governo do Reino Unido teriam mostrado que pessoas totalmente vacinadas contra Covid teriam desenvolvido Aids.

Ao enviar ao STF um novo relatório parcial das investigações, a delegada disse que é necessário realizar novas diligências para concluir as apurações, dentre elas ouvir o próprio Bolsonaro.

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“(…) E, como último ato do presente inquérito, seja oportunizada a oitiva do Senhor Presidente da República, cuja formatação – presencial ou por escrito, é solicitada a devida autorização ao Exmo. Ministro Relator”, pediu ela ,dirigindo-se a Alexandre de Moraes.

Procurada, a Advocacia-Geral da União não respondeu de imediato a pedido de comentário.

Moraes assumiu na véspera o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e será responsável por conduzir o pleito. Nos últimos meses, ele tem sido alvo de constantes ataques do presidente por alegações –também sem provas– de falta de segurança no sistema de votação por meio das urnas eletrônicas.

Esse inquérito havia sido aberto por Moraes contra Bolsonaro após o ministro do STF ter sido provocado pelo ex-presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM).

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