Onze pessoas foram presas hoje (4) pela Polícia Federal durante a Operação Voo Baixo, deflagrada para desarticular uma organização criminosa internacional especializada no tráfico de drogas. Três pessoas procuradas não foram encontradas e são consideradas foragidas. Entre os presos estão o chefe da quadrilha, sua esposa, seis pilotos de avião e três pessoas que atuavam cuidando da logística das operações. Todos são brasileiros.

A Polícia Federal também apreendeu 11 aviões que eram usados para transportar cocaína da Bolívia para o Mato Grosso do Sul. Em outras operações, oito aeronaves já tinham sido apreendidas. Os aviões eram registrados e com certificações corretas, mas pousavam em pistas clandestinas e faziam voos em rotas diferentes das estabelecidas e informadas nos planos de voo. Hoje, mais pistas desconhecidas foram localizadas pela Polícia Federal. Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e 2,6 toneladas de cocaína foram apreendidas e indisponibilizados 11 imóveis, entre os quais, três fazendas.

“A quadrilha utilizava aviões privados para o transporte a partir da Bolívia, usando como base o Mato Grosso do Sul, de onde  a droga era transportada para o estado de São Paulo em aviões privados ou por meio terrestre em veículos com compartimentos especiais para ocultar a droga”, explicou o delegado regional de combate ao crime organizado da PF, Marcelo Ivo.

Segundo Ivo, a quadrilha é investigada desde maio de 2018.A PF contou com o apoio da Força Aérea Brasileira que, neste mesmo ano, interceptou e abateu um avião que entrou clandestinamente no país, vindo da Bolívia. “O avião foi encontrado e abatido em uma região de mata do Mato Grosso do Sul com meia tonelada de cocaína.”

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Fabricio Galli, ao longo da investigação onze pessoas já tinham sido presas. O chefe da quadrilha, que foi preso em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, era casado com a filha de um homem preso por tráfico internacional de entorpecentes, e teria assumido a posição após a prisão do sogro.

“Ele tinha ligação com uma facção criminosa de São Paulo e, nos levantamentos e primeiros flagrantes que fizemos, encontramos manuscritos que deram essa indicação. Ele fazia o contato com traficantes que se fixaram na Bolívia. Ele se apresentava como empresário e fazendeiro.”

Galli informou que, de acordo com cálculos da PF, a quadrilha movimentava cerca de 1,5 tonelada de cocaína. “Parte da droga ficava no Brasil  e pelo menos 85% tinha como destino a Europa, saindo pelo Porto de Santos. Fazemos essa análise com base no grau de pureza da droga apreendida.”. 

Os investigados estão respondendo pelo crime de tráfico internacional de entorpecentes, associação ao tráfico. Ainda está sendo investigada a ocorrência de lavagem de dinheiro, considerando que essas pessoas tinham empresas de fachada para justificar o recebimento de tantos valores, além de comprarem bens em nome de terceiros.