A Polícia Federal cumpre no Rio na manhã desta terça, 28, três mandados de prisão contra o empresário Júlio César Pinto de Andrade (preventiva) e os gerentes do Banco Bradesco Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca e Robson Luiz Cunha Silva (temporária). Gerente do Bradesco, Tânia Mara já foi presa. Robson e Júlio ainda não foram encontrados.
A ordem foi expedida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, que determinou ainda a realização de buscas em endereços ligados aos investigados. Tânia Maria Aragão de Souza já foi presa.
O empresário e os dois gerentes são suspeitos de participar de esquema de lavagem de dinheiro comandado pelos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Barbosa, operadores de Sérgio Cabral. As transações são investigadas no âmbito das operações Eficiência e Câmbio, Desligo. Esta última apura operações de lavagem de dinheiro que teriam movimentado US$ 1,6 bilhão em 52 países, registradas em mais de 3 mil offshores.
Segundo o Ministério Público Federal, o esquema de lavagem de dinheiro do qual Júlio, Tânia e Robson supostamente participavam funcionava por meio da compensação de cheques do varejo e pagamento de boletos bancários. ‘As transações serviam para geração dinheiro em espécie que, posteriormente, era vendido a empresas que desejavam esfriar recursos’.
A investigação indica que os doleiros ‘captavam cheques recebidos no varejo e os depositavam em contas bancárias de empresas fantasmas’. Para abertura e movimentação das mesmas, ‘a organização criminosa contava com a participação de gerentes de bancos que descumpriam regras de compliance a fim de permitir a criação das contas de giro’, diz o MPF.
De acordo com a Procuradoria, o empresário Júlio Andrade era responsável ‘por abrir as contas fantasmas, fornecer telefones “frios” e indicar empresas que alugavam salas por curtos períodos para guardar o dinheiro obtido’. Ao menos sete empresas fantasmas foram identificadas e são alvo de busca e apreensão, diz o Ministério Público Federal.
Tânia e Robson, gerentes-gerais de agências do Banco Bradesco na Barra da Tijuca e em Vila Isabel, ‘recebiam a documentação das empresas criadas por Júlio e indicavam os locais onde as contas bancárias deveriam ser abertas’, segundo o MPF.
Para os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, houve falha no sistema de compliance das instituições financeiras. “Os elementos ora reunidos não deixam dúvidas de que as instituições financeiras onde as contas foram abertas, em especial o Banco Bradesco, descumpriram os deveres de compliance, possuindo como consequência direta, além do fomento à lavagem de dinheiro acima demonstrado, a violação à livre concorrência, pois as instituições que dispendem recursos no compliance acabam restringindo seus negócios, sem contar no custo que é dedicado aos setores de conformidade”, afirmam.
COM A PALAVRA, O BANCO BRADESCO
“O Bradesco tomou conhecimento pela imprensa nesta manhã da ação de autoridades policiais envolvendo dois funcionários. As informações, quando oficialmente disponíveis, serão apuradas internamente. Como sempre, o Bradesco se coloca à disposição das autoridades no sentido da plena colaboração e esclarecimento sobre as apurações que estão sendo realizadas.
Por fim, o Bradesco reitera que cumpre rigorosamente com as normas de conduta ética e governança vigentes para a atividade”.