A Polícia Federal (PF) anunciou, nesta quarta-feira (8), a prisão de duas pessoas por participação no planejamento de “atos terroristas” no Brasil que, segundo o serviço de inteligência israelense Mossad, teriam como alvo a comunidade judaica com o apoio do grupo libanês Hezbollah.

A PF informou que duas pessoas foram detidas em São Paulo em uma operação para “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”.

As autoridades também realizaram 11 operações em São Paulo, Brasília e em Minas Gerais, de acordo com um comunicado.

O Mossad informou, também por meio de nota, que colaborou com os serviços de segurança brasileiros e agências internacionais para “frustrar um ataque terrorista no Brasil”. O ataque era “planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigido e financiado pelo regime iraniano”, continuou.

A “célula terrorista” planejava um ataque contra “alvos israelenses e judeus no Brasil” e era “uma rede ampla que operava em outros países”, acrescentou, sem dar mais detalhes.

Especialistas em segurança investigaram recentemente a suposta presença do Hezbollah na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

“No contexto da guerra em Gaza (…) o Hezbollah e o regime iraniano continuam operando ao redor do mundo para atacar alvos israelenses, judeus e ocidentais”, disse o Mossad.

As prisões ocorrem pouco mais de um mês após o início do conflito entre Israel e o Hamas, depois que combatentes do grupo islamista palestino mataram 1.400 pessoas e sequestraram mais de 200 em território israelense, de acordo com o balanço de Israel.

O ataque, o mais letal desde a criação do Estado de Israel, em 1948, desencadeou uma campanha de bombardeios contra o território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

Do lado palestino, pelo menos 10.569 pessoas, a maioria civis, entre as quais mais de 4.000 crianças, morreram nos bombardeios israelenses, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas.

Citando fontes policiais, a TV Globo informou que os investigadores suspeitam que os detidos tenham viajado recentemente para a capital libanesa.

Segundo a Globo, a polícia solicitou à Interpol a emissão de um mandado de prisão contra outros dois suspeitos com dupla nacionalidade brasileira-libanesa que estão atualmente no Líbano.

A Interpol não respondeu imediatamente aos pedidos de informações da AFP.

As operações antiterroristas não são frequentes no Brasil, que não registrou grandes ataques em seu território.

Aproximadamente 107.000 judeus vivem no Brasil, país que tem a segunda maior comunidade judaica na América Latina, depois da Argentina.

mls-jhb/rsr/app/am/mvv