A Polícia Federal (PF) informou nesta quarta-feira (3) que investiga a disseminação de um vírus potencialmente letal que afeta a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), uma das aves mais raras do mundo.
A preservação da ave é alvo de disputa entre criadores particulares e autoridades brasileiras.
A espécie havia sido declarada extinta na natureza há 25 anos. Em 2020, cerca de 20 ararinhas-azuis criadas em cativeiro foram trazidas da Alemanha para serem reintroduzidas em seu habitat natural, na Caatinga do Nordeste brasileiro.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Biodiversidade e Meio Ambiente (ICMBio) informou que as 11 ararinhas restantes entre as que foram soltas na natureza testaram positivo para o circovírus, que pode ser letal e não tem cura.
A doença provoca deformação no bico, alteração na coloração das penas e falhas no empenamento, mas não afeta humanos nem aves de produção.
Autoridades identificaram outros 20 casos em exemplares que vivem em cativeiro, mas advertiram que a interpretação dos testes “não é simples”. O criadouro responsável pelos animais infectados, situado em Curaçá, na Bahia, foi multado em R$ 1,8 milhão por não implementar protocolos de biossegurança para impedir a disseminação do vírus.
A PF informou que apreendeu celulares e computadores desse centro como parte da Operação Blue Hope, e apontou que os investigados poderiam responder pelos crimes de obstrução da fiscalização ambiental e disseminação de doença capaz de causar dano à fauna.
O criadouro resisitiu a recapturar as ararinhas-azuis em liberdade, desrespeitando uma ordem judicial de outubro. O centro afirmou à AFP que apenas 5 das 103 aves sob seus cuidados haviam testado positivo para o vírus, e negou as acusações de negligência. Também ressaltou que as ararinhas-azuis são “especialmente resistentes ao circovírus”.
O criadouro é parceiro da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), com sede na Alemanha, que controla 75% das ararinhas-azuis registradas no mundo, segundo o ICMBio. Em 2024, o governo brasileiro encerrou um convênio com essa entidade depois que a ela vendeu, sem o seu consentimento, 26 dessas aves para um zoológico na Índia.
fb/rsr/jss/atm/lb/rpr