A Polícia Federal (PF) cumpre 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em endereços ligados a suspeitos de participar de espionagem ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um dos alvos, segundo apurou o Estadão, é o ex-diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio de Bolsonaro.

As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília (DF), Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro (RJ). A PF investiga a invasão clandestina da rede de infraestrutura de telefonia do País e o uso de técnicas próprias de investigação policial sem a devida autorização judicial. Segundo a investigação, o crime envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.

Procurados pelo Estadão, o deputado e a Abin não se pronunciaram até a publicação deste texto. O espaço seguirá aberto para manifestações. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a PF< também houve a suspensão imediata de sete policiais federais por estarem supostamente envolvidos no esquema ilegal.

Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente da Abin entre julho de 2019 e abril de 2022, durante o período em que dois servidores, presos em outubro, teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem. Ramagem só saiu do cargo para concorrer às eleições, e foi confirmado como pré-candidato do PL no Rio por Bolsonaro em novembro.

A operação desta quinta, chamada “Vigilância Aproximada”, é uma continuação da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado. Conforme as investigações na época, a agência utilizou um sistema de espionagem israelense para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários do governo do então presidente Jair Bolsonaro.

“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações”, diz a PF em nota.

Os investigados poderão responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Com Agência Estado