A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (25) buscas contra suspeitos de usar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar ilegalmente políticos e outras figuras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, informaram autoridades.

Entre os suspeitos encontra-se o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que teria ajudado Bolsonaro e seu círculo íntimo a espionar supostos adversários, segundo a imprensa.

A PF informou que executou ordens de busca e apreensão em 21 locais em Brasília, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro apoia a candidatura de Ramagem à prefeitura nas eleições de outubro.

“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”, indicou a polícia em comunicado. Sete agentes da PF foram suspensos dos cargos sob suspeita de envolvimento na trama, acrescenta o texto.

O gabinete de Ramagem no Congresso foi um dos locais onde foram realizadas as buscas, segundo o jornal Folha de São Paulo e o portal G1. A chefe de gabinete de Ramagem, Núbia Tramm, disse à AFP que não tinha comentários a fazer sobre o caso até o momento.

Segundo os relatórios, a Abin usou o programa de vigilância israelense conhecido como FirstMile, que rastreia dados de geolocalização de dispositivos móveis, para espionar centenas de personalidades durante o governo Bolsonaro (2019-2022).

Entre os alvos da espionagem estavam o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (PSDB-RJ) e o então governador do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), atual ministro da Educação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o G1.

As operações de espionagem também teriam como alvo adversários do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chamou a acusação de mentira.

Jair Bolsonaro, 68, está envolvido em diversas investigações judiciais desde que foi derrotado nas eleições de 2022 por Lula. Em junho, o TSE tornou o ex-presidente inelegível para cargo público por oito anos, por suas acusações – sem provas – de fraude no sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro também enfrenta investigações por corrupção e abuso de poder

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