A Polícia Federal encontrou no celular do coronel Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” destinados a oferecer suporte para um eventual golpe de Estado.

Resumo:

  • Polícia Federal encontrou uma suposta minuta de golpe no celular de Mauro Cid;
  • A corporação acredita que o documento pode estar relacionado aos atos golpistas de 8 de janeiro;
  • Mauro Cid chegou a ser detido durante operação sobre fraudes nos cartões de vacinação.

Vale informar que a GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.

De acordo com a colunista Malu Gaspar, do O Globo, Mauro Cid esteve na sede da PF, localizada em Brasília (DF), na terça-feira, 6, para depor a respeito desse novo conjunto de evidências encontrado em seu celular.

No despacho que autorizou o depoimento de Cid, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes alegou que o ex-ajudante de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”.

O material se tratava “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.

A Polícia Federal queria saber quem preparou a minuta e os tais estudos. Não há, no entanto, sinal de que esse material tenha sido enviado para Bolsonaro.

Durante o depoimento, Mauro Cid se recusou a falar e preferiu manter-se em silêncio. Os documentos encontrados estavam em trocas de mensagens do ex-ajudante de ordens com o sargento Luis Marcos dos Reis, que foi preso com ele no início de maio durante a operação que investiga as fraudes nos cartões de vacinação.

Áudios obtidos pela PF revelam que Cid e o ex-major Ailton Barros, que também foi detido, conversaram com o coronel e ex-secretário executivo do Ministérios da Saúde Elcio Franco sobre como mobilizar o comandante do Exército para um possível golpe.

Além da minuta, Cid e Reis conversaram sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.

Como as trocas de mensagens são datadas em dezembro de 2022, a Polícia Federal acredita que pode estar relacionada aos atos golpistas de 8 de janeiro, nos quais bolsonaristas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

Outra hipótese levantada pela corporação é que o plano fosse editar o decreto de GLO e, depois, a chamada minuta do golpe, que foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.