A petrolífera anglo-francesa Perenco negou “firmemente”, nesta quarta-feira (9), qualquer “relação com grupos ilegais” na Colômbia, após o Ministério Público desse país confiscar dois de seus escritórios por suposto financiamento de paramilitares.
Membros desses esquadrões de extrema direita acusam a multinacional desde 2010 de ter financiado sua organização, as extintas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), em meio ao conflito armado.
“Negamos qualquer relação histórica com grupos ilegais”, disse a empresa em comunicado, no qual rejeitou qualquer penalidade econômica sem “um processo judicial”.
Reafirmamos nosso “compromisso com o respeito aos direitos humanos”, acrescentou.
Na terça-feira, o Ministério Público colombiano embargou dois escritórios da petrolífera no bairro financeiro de Bogotá e os bens em seu interior, avaliados em 10 milhões de dólares (54,5 milhões de reais, na cotação atual).
Esses bens serão destinados a um fundo para a reparação das vítimas dos paramilitares, criado após a desmobilização de cerca de 30 mil combatentes em 2006, durante o governo do direitista Álvaro Uribe (2002-2010).
A Perenco se instalou na Colômbia em 1993 e ainda mantém sua atividade de extração no departamento de Casanare.
Após sua desmobilização, os ex-paramilitares alegaram que entre 1997 e 2005 receberam “dinheiro, combustível, alimentação e transporte” da empresa em troca de um “serviço de segurança”.
A companhia utilizou a aliança para “aumentar seu patrimônio”, segundo o Ministério Público.
São várias as multinacionais acusadas de vínculos com paramilitares na Colômbia. Em 2024, a justiça dos Estados Unidos condenou a empresa de bananas Chiquita Brands por financiar as AUC e, desde 2023, a diretoria da mineradora Drummond enfrenta um julgamento na Colômbia por vínculos com o mesmo grupo.
O conflito armado na Colômbia deixou ao longo de mais de meio século mais de 10 milhões de vítimas, entre elas um milhão de mortos e 200 mil desaparecidos.
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