Com um mercado extremamente volátil, os contratos futuros de petróleo fecharam em forte queda, nesta sexta-feira, 20. Notícias de que os Estados Unidos estariam tentando intermediar uma paz entre Arábia Saudita e Rússia, em conversas com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), animaram os mercados na manhã de hoje (horário de Brasília), mas a crise de demanda, com mais países isolando áreas para combater o coronavírus, afundou as expectativas.

O petróleo WTI para maio fechou em queda de 12,66%, a US$ 22,63 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês caiu 5,23%, a US$ 26,98 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Para analistas, o movimento de alta no dia anterior estava baseado na expectativa de que o governo americano pudesse ajudar na paz entre Arábia Saudita e Rússia, mas nada se formalizou. Embora “o peso dos EUA no debate sobre oferta possa ajudar a desarmar os lados conflitantes na guerra de preços e volume de petróleo, o mercado precisa lembrar que o tsunami de perdas de demanda ligadas ao coronavírus provavelmente será 4 a 5 vezes maior no segundo trimestre do que o fluxo de petróleo que virá de produtores da Opep+”, comentou Bjornar Tonhaugen, da Rystad Energy.

Hoje, reguladores da indústria petrolífera americana começaram a abrir um diálogo com a Opep, tentando a promover uma trégua entre os três maiores produtores do mundo e potencialmente resolver uma guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia. Embora as leis antitruste dos EUA impeçam um acordo formal, o país está cogitando reduzir a produção de petróleo no maior estado produtor nacional, o Texas, pela primeira vez em décadas, segundo fontes disseram ao The Wall Street Journal. O preço do xisto foi duramente afetado.

Mas, segundo avaliação do Commerzbank, “até o momento, não há sinal de nenhum movimento por parte da Arábia Saudita e da Rússia. A Arábia Saudita pretende reduzir seu próprio processamento doméstico de petróleo bruto para poder exportar mais petróleo. A Rússia vê o comportamento saudita como chantagem e se recusa a ceder a ele”.

Em relatório enviado a clientes, a Moody’s é mais positiva quanto ao mercado de petróleo, e espera “que os efeitos do vírus persistam até o segundo trimestre de 2020, com a melhoria dos fundamentos econômicos na segunda metade do ano” e reforça que “as grandes empresas integradas de petróleo demonstraram resiliência em crises anteriores, o que deve moderar o grau de ações negativas de classificação”.

Também nesta sexta-feira, a Baker Hughes, companhia que presta serviços no setor para os EUA, divulgou que o número de poços e plataformas de petróleo em atividade no país caiu 19 na última semana, a 664.