Os contratos futuros de petróleo encerraram a terça-feira em queda, após declarações conflitantes da Casa Branca sobre o acordo comercial “fase 1” entre Estados Unidos e China. O aumento dos casos de covid-19 nas Américas alimentou as incertezas sobre retorno da demanda por energia. Sem medidas mais fortes para corte de produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e diante de indicadores dos EUA abaixo do esperado, os preços caíram.

O barril do petróleo WTI para agosto fechou em queda de 0,88%, US$ 40,37 na New York Mercantile Exchange (Nymex). O Brent para agosto recuou 1,04%, a US$ 42,63 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Os contratos petróleo viraram para o vermelho após dados frustrantes de atividade nos Estados Unidos, divulgados pelo instituto IHS Markit. O índice de gerente de compras (PMI) de serviços e o industrial avançaram menos do que a previsão do mercado. Além disso, esteve no radar as divergências entre EUA e China.

Uma declaração do assessor da Casa Branca, Peter Navarro, sobre o acordo comercial “fase 1” entre EUA e China foi desmentida por um tuíte do presidente americano Donald Trump. Houve cautela, por parte dos investidores, já que a China é o maior importador de petróleo do mundo.

O avanço de casos de covid-19, ameaçando a retomada, também preocupa os participantes do mercado. A alta nos preços do petróleo ainda depende muito da equação “produção e venda”, lembra o ING. “O foco principal continua a ser o reequilíbrio do mercado de petróleo, impulsionado pelos cortes da Opep+ e pela recuperação da demanda”, diz o banco.

O Commerzbank também destaca a questão da produção. Segundo Eugen Weinberg, nem todo produtor reduzirá sua oferta neste ano. “De acordo com a Administração Nacional de Energia, a China planeja neste ano produzir o equivalente a 3,85 milhões de barris de petróleo por dia, 1% a mais que no ano passado”, menciona o analista alemão.

Além de investir em produção de petróleo, a China deseja se tornar independente no que diz respeito a vários produtos derivados, segundo Weinberg. Por exemplo, pretende expandir seu porto de Zhoushan para criar um mercado suprarregional com bunker de combustíveis, numa tentativa de rivalizar com Cingapura.

“Aparentemente, as refinarias chinesas já estão em posição de produzir neste ano mais de 18 milhões de toneladas de óleo combustível com baixo teor de enxofre (LSFO), o que seria suficiente para atender à demanda do país”, afirma.

* Com informações da Dow Jones Newswires