Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta sexta, com o sentimento de risco levando à cautela em meio ao avanço da covid-19, que atingiu neste dia 15 de janeiro a marca simbólica de 2 milhões de mortos em razão da doença. O pacote de resgate da economia anunciado por Joe Biden nos Estados Unidos não teve o efeito de trazer otimismo no mercado, já que há ceticismo sobre sua aprovação no Congresso e a velocidade disso.

Existe ainda desconfiança sobre as capacidades de cortes na produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com uma parte das nações sofrendo por questões fiscais.

O petróleo WTI para fevereiro fechou em baixa de 2,26%, em US$ 52,36 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), com uma valorização de 0,23% na semana. O WTI para março, contrato mais líquido, fechou em baixa de 2,24%, em US$ 52,42 o barril. O Brent para março recuou 2,34% a US$ 55,10 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), com queda de 1,59% na comparação semanal.

A realidade do avanço da covid-19 gerou cautela no mercado, em meio à preocupação na União Europeia de que a vacinação desacelere e ao aumento nas restrições de mobilidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que a situação pode piorar antes de melhorar, a despeito do desenvolvimento da imunização.

O anúncio do pacote de resgate de Biden, de US$ 1,9 trilhão de dólares, não levou otimismo ao mercado, uma vez que trouxe ceticismo sobre sua viabilidade e rapidez na aplicação.

“O alívio pode levar vários meses para ser implementado e, nesse ínterim, a dura realidade fria da desaceleração do crescimento pode finalmente atingir os investidores que buscam lucros em ativos de risco”, avalia o BK Asset.

Um dos efeitos é a valorização do dólar, já apoiado pela cautela por conta da covid-19, e que torna o petróleo mais caro para detentores de outras divisas.

A situação fiscal e financeira é “muito séria” na maioria dos países da Opep atualmente. A queda massiva nas receitas está colocando uma enorme pressão sobre os governos dos países, que dependem em grande medida da receita gerada pelo petróleo, “especialmente porque enfrentam gastos sociais e custos de serviços públicos crescentes”, avalia o Commerzbank. O cenário leva a um ceticismo sobre a capacidade dos países de cortarem suas produções, e pressiona o preço do petróleo.

No entanto, projetando os próximos meses, o dólar fraco e um corte de produção saudita devem impulsionar o preço da commodity. A avaliação é de Warren Patterson, do ING, para quem ainda podemos ver alguma consolidação de curto prazo e uma média de US$ 60 por barril de Brent no quarto trimestre é “facilmente alcançável”.