Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta terça-feira, em sessão marcada pela escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia, o que eleva os temores de que um eventual conflito possa afetar a oferta. Além disso, a imposição de sanções a Moscou por parte de potencias ocidentais e o impacto destas restrições também foram observados. Neste cenário, o nível de US$ 100 o barril é cogitado, e alguns veem espaço para altas ainda maiores nos preços.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para abril subiu 1,88% (US$ 1,70), a US$ 91,91, enquanto o do Brent para o mesmo mês avançou 1,52% (US$ 1,45), a US$ 96,84, na London Metal Exchange (LME).

O reconhecimento da independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, pela Rússia, seguido pelo anúncio da mobilização de tropas do país para a área aumentou os temores por um maior conflito, e levou uma série de países a preparar sanções. Nesta terça, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou que decidiu suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2, que liga seu país à Rússia.

O barril deve chegar a três dígitos no curto prazo, avalia o Julius Baer. Para o banco, não é mais uma questão de “se”, mas “quando” a marca de US$ 100 será alcançada. “O mercado de petróleo se tornou um barômetro do medo para a crise na Ucrânia”, diz o banco suíço. Analistas apontam que, com a crise diplomática se intensificando, as preocupações sobre sanções no setor de energia e consequentes interrupções estão crescendo. O comércio de gás e petróleo da Rússia para o restante da Europa é substancial, avaliam.

Para a Capital Economics, se os fluxos de energia forem interrompidos, os preços do petróleo podem ficar em torno de US$ 120-140 por barril, antes de voltar a cair à medida que os fluxos comerciais são redirecionados. Mesmo que o Ocidente não implemente sanções diretas às exportações de energia da Rússia, as tensões com a Rússia podem manter os preços do petróleo mais altos por mais tempo, aponta a consultoria.

A Moody’s, por sua vez, avalia que o avanço recente dos preços é fruto do aumento de riscos geopolíticos, mas também da falta de investimentos na produção da commodity. A alta em cerca de 20% desde o início do ano, superando US$ 90 o barril, indica alta volatilidade em um mercado “apertado”, com crescente demanda, incerteza sobre oferta adicional e capacidade de produção ociosa limitada, aponta.