Os petroleiros continuam ignorando a ordem do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e mantêm a greve iniciada a partir de zero hora desta quarta-feira, 30. A paralisação pede que as refinarias da Petrobras operem em sua carga máxima para evitar o aumento das importações de derivados e o fim da política de ajuste diários de preços, que vem facilitando a importação de combustíveis.

“Não haverá desabastecimento no País por conta da greve dos petroleiros. Os estoques estão cheios e não vamos parar a produção. Porém se nada for feito até o dia 12 de junho a FUP e seus sindicatos filiados vão declarar parada por tempo indeterminado”, informou o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e presidente do Sindicato dos Petroleiros e Duque de Caxias, Simão Zanardi. “Pedimos à população nesse momento que se una à greve dos petroleiros, porque é possível sim baixar o preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha”, afirmou em entrevista na porta da Refinaria Duque de Caxias (Reduc).

Segundo a Petrobras, nesta quarta, foram registradas paralisações pontuais em algumas unidades operacionais. “Equipes de contingência estão atuando onde necessário e não há impacto na produção”, informou a empresa. Na terça, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou em teleconferência que a greve dos petroleiros é política. Ele lembrou que o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) foi assinado no ano passado com validade de dois anos, e, portanto, a paralisação não tem questões salariais.

O diretor da FUP Gerson Castellano disse ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a entidade não havia sido comunicada oficialmente pelo TST até o final da manhã e criticou a posição da estatal, de se referir à greve como um movimento político. “Tudo nessa vida é política, como diz o Zé Maria (Rangel, coordenador geral da FUP). Estamos aqui defendendo a Petrobras, que é um bem do povo brasileiro”, disse o diretor.

Ele informou que até às 10 horas, 22 plataformas da bacia de Campos tinham aderido à greve, o que não foi confirmado pela Petrobras. A estatal mandou equipes de contingência para render os grevistas nas plataformas e refinarias, para evitar a interrupção das operações.

No Rio Grande do Sul foi registrado o primeiro conflito entre grevistas e a polícia, informou o diretor. Na porta da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), um grupo de professores foi dar apoio aos petroleiros e enfrentou a reação da polícia, que chegou a usar bombas de gás lacrimogênio para conter os protestos, mas não houve nenhum ferido, segundo Castellano.

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Nas bases da FUP, que congrega 14 sindicatos da categoria, 10 refinarias estão sem troca de turno: Reman (AM), Lubnor (CE), Abreu e Lima (PE), Rlam (BA), Reduc (Duque de Caxias), Regap (MG), Replan (SP), Recap (SP), Repar (PR) e Refap (RS). Também estão parados os trabalhadores da SIX, Superintendência de Industrialização de Xisto (PR), e das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) do Paraná e da Bahia.

Na Transpetro, a greve atinge os terminais do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo, do Amazonas, do Ceará, de Pernambuco, de Campos Elíseos (Duque de Caxias) e de Cabiúnas (Macaé).

No Rio Grande do Norte, os trabalhadores dos campos de produção terrestre do Alto do Rodrigues e de Mossoró também aderiram à greve, assim como os petroleiros do Ativo Industrial de Guamaré e da Estação Coletora do Canto do Amaro.

Participam ainda da greve os trabalhadores da Usina Termoelétrica Leonel Brizola, em Duque de Caxias, e os petroleiros das unidades de tratamento e processamento de gás natural (UPGNs e UTGCs) do Espírito Santo, onde os petroleiros da sede da Petrobras, em Vitória, também se somaram ao movimento.

FNP

A Federação Nacional dos Petroleiros, entidade sem vínculo partidário e que reúne cinco sindicatos da categoria, anunciou que está em greve por tempo indeterminado. Em vídeo no site da FNP, o secretário-geral da FNP e coordenador geral do Sindipetro Litoral Paulista, Adaedson Costa, afirma que a decisão do TST é política e arbitrária, e que o movimento não vai ser suspenso.

“A greve não acabou, o judiciário junto com o governo querem acabar com a Petrobras. Querem acabar com o nosso plano de saúde e a nossa PL (Participação nos Lucros). A greve é justa, é contra a alta de combustíveis”, afirma em um vídeo na página da entidade no Facebook.


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