O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que a empresa se prepara para atuar em atividades alternativas às atuais, de maior valor agregado, o que deve acontecer até 2021. Essas atividades são, segundo o executivo, mais estratégicas do que os negócios de fertilizante, biocombustível e participações em petroquímicas, por exemplo. “Precisamos nos preparar para negócios de maior valor agregado”, disse Parente nesta terça-feira, 20

Também presente à coletiva de imprensa para apresentar o plano de negócios de 2017 a 2021, o diretor Financeiro da empresa, Ivan Monteiro, destacou que a meta de desinvestimento de US$ 15,1 bilhões está mantida para 2015 e 2016. Porém, é possível que parte do dinheiro não entre no caixa neste ano. Estão previstos US$ 19,5 bilhões nos próximos dois anos com parcerias e desinvestimentos.

A síntese do novo plano da Petrobras, segundo Pedro Parente, é um período de mais austeridade nos próximos dois anos, para permitir um novo crescimento a partir de 2019. Segundo o executivo, a companhia poderá crescer em “condições saudáveis” com o novo plano.

“O plano tem dois anos de preparação, com mais aperto e mais austeridade para que a gente possa no final desses dois anos voltar a crescer em condições saudáveis”, afirmou o executivo à imprensa.

Parente afirmou ainda que a revisão dos modelos de gestão da companhia permitirá um modelo de orçamento e cortes “não lineares”. A revisão ocorrerá a partir de benchmark internacional, completou.

O presidente frisou ainda que a companhia poderá “considerar oportunidades no exterior tirando proveito das lições do passado”.

Preços competitivos

A Petrobras reforçou que vai praticar preços competitivos em todos os seus produtos derivados, na cadeia de refino e gás, incluindo na política de preços o valor agregado pelo serviço de transporte. A estratégia foi apresentada pelo diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, que indicou ainda que a companhia vai buscar parcerias na área e abrir o mercado a novos participantes.

“Temos um downstream bem concentrado praticamente só com a Petrobras, tanto na atividade de refino quanto na atividade de logística e transferência de transporte de líquidos e gás. A companhia entende que pode reduzir riscos na atuação, buscando parceiros para promover um melhor mercado com outros atores”, comentou Celestino.

Segundo ele, a revisão exigirá da companhia reforçar a política “competitiva” de preços, com a “integração de toda a comercialização”. “Vamos praticar preços competitivos em toda a cadeia de refino e gás buscando precificar o serviço de transporte”, afirmou o diretor.

Por conta dessa revisão, o executivo indicou que a companhia postergou além do horizonte de 2021 a conclusão do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Ele indicou ainda que a companhia vai concluir apenas as obras da unidade de abatimento de emissões, para permitir ampliar a capacidade atual da refinaria.

Sobre o Comperj, o diretor afirmou apenas que a companhia continua buscando parceiros para concluir as obras da refinaria, mas que os investimentos associados à infraestrutura de escoamento da produção de gás do pré-sal serão mantidos. A companhia pretende concluir a UPGN, que está em fase de relicitação, e a Rota 3 de gasodutos ligando as bases operacionais do pré-sal ao complexo. O prazo, entretanto, não foi apresentado.

Desalavancagem

A gestão de portfólio com foco em rentabilidade e geração de caixa visando a desalavancagem é o foco da área de Exploração e Produção da Petrobras no curto prazo, afirmou a diretora de E&P da companhia, Solange Guedes. A estratégia da estatal na área evoluirá no médio prazo (2018) para o acesso a volumes, ampliação do valor dos ativos e, no longo prazo (2020), para a abertura de novas fronteiras exploratórias e intensificação do desenvolvimento do pré-sal.

Segundo a diretora, a estratégia de desinvestimento ajudará a aumentar o valor do portfólio de Exploração e Produção da Petrobras e a reduzir riscos. A ideia é que a companhia se concentre em ativos de menor risco e maior retorno.

A executiva destacou ainda os ganhos de eficiência e aumento da produtividade como base do plano da empresa. Os custos operacionais de E&P caíram 25% de 2014 a 2016, e o objetivo é cair abaixo de US$ 10 entre 2017-2021. “Estamos investindo cada vez menos para (atingir) uma mesma produção. Conseguimos manter a curva de produção fazendo essa redução de investimentos que estamos anunciando aqui”, afirmou a diretora, citando o Campo de Lula como um exemplo de que “é possível reduzir custos e aumentar produção.” Na unidade a Petrobras reduziu em 60% o tempo de construção e interligação de poços desde 2010.

Solange comentou ainda que a previsibilidade é fundamental para a Petrobras no plano e que com a chegada de plataformas, após atraso, terá resposta direta na curva de produção da empresa.

Rentabilidade

Segundo Monteiro, o plano estratégico da Petrobras, divulgado nesta terça, deixa claro que o foco agora é a rentabilidade. “É preciso ter a certeza de que cada real que vamos investir retornará como rentabilidade ao acionista”, disse durante a apresentação do plano 2017-2021.

O executivo destacou a importância do programa de parcerias para o sucesso do pré-sal, com a associação de tecnologias e diluição de riscos. Reforçando o discurso da diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, ele garantiu que não há dúvida de que a curva de produção apresentada para o período será entregue.

De acordo com Monteiro, a companhia fará o possível para apresentar uma trajetória declinante de custos e dívida. “Seremos uma empresa muito mais eficiente e caberá ao programa de desinvestimentos dar uma grande contribuição para que possamos encurtar o colesterol ruim, que é a alavancagem”, disse. A meta do plano de negócios é reduzir a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda de 5,3 vezes do fim de 2015 para 2,5 vezes até 2018.

Segundo o diretor, hoje o mercado está cobrando um prêmio que a companhia não pagará. Monteiro afirmou que a Petrobras trabalha com nível zero de captações nesse período. Ao comentar o plano de negócios e estratégico, Monteiro frisou que ele foi desenhado com viés de conservadorismo para garantir que será cumprido.

Monteiro pontuou que a política de conteúdo local não pode ser sinônimo de reserva de mercado ou ineficiência. “Não há nada contra política de conteúdo local, desde que não perpetue ineficiências”, afirmou, mencionando problemas com estaleiros envolvidos na Operação Lava Jato e as frustrações com investimentos como a Rnest.