(Reuters) – A Petrobras avalia “todas as possibilidades do mercado”, incluindo a compra de diesel russo para garantir o abastecimento em um horizonte de oferta apertada, afirmou nesta sexta-feira o diretor de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, quando questionado por jornalistas sobre o assunto.

Mastella afirmou que, até o momento, a empresa tem comprado dos fornecedores tradicionais, como os Estados Unidos, mas que está atenta à situação global da oferta do produto.

“Nós temos escritórios na Europa, nos EUA, em Cingapura, que conseguem monitorar todo o mercado. A gente está o tempo todo avaliando alternativas”, disse o diretor.

Mais cedo, em conferência com investidores, ele afirmou que vê um cenário de preços elevados para o combustível no segundo semestre, a menos que se consolide uma recessão global.

Com a invasão da Rússia à Ucrânia e as consequentes sanções impostas por países do ocidente ao petróleo e aos derivados russos, a oferta de diesel se tornou restrita em todo o mundo. O combustível é o mais consumido pelo país.

O Brasil não impôs nenhuma sanção aos russos, tendo inclusive aumentado a compra de fertilizantes da Rússia para garantir oferta de nutrientes para o plantio da próxima safra.

PARADAS PROGRAMADAS

Somam-se ao cenário desafiador global as interferências na produção de diesel causadas pelas paradas programadas para manutenção das refinarias, necessárias à segurança operacional, afirmaram os diretores.

A companhia terá quatro paradas programadas para o segundo semestre, das quais duas serão em unidades de hidrotratamento de diesel, responsáveis pela produção de diesel S-10.

A parada da estação da Refinaria Gabril Passos (Regap), em Minas Gerais, será entre agosto e setembro, e a da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, de setembro a novembro.

Para não impactar mais a produção nacional de diesel, a Petrobras adiou uma terceira parada em unidade de hidrotatamento que estava prevista.

“Nós concluímos pela postergação da troca de catalisador do hidrotratamento da Revap, que estamos deslocando de novembro para o primeiro trimestre de 2023”, disse o diretor de Refino e Gás Natural, Rodrigo Costa Lima e Silva, referindo-se à Refinaria Henrique Lage, no Estado de São Paulo.

Mais cedo, os diretores citaram ainda, como preocupação para a oferta, a aproximação do inverno no Hemisfério Norte, que tende a aumentar a demanda pelo produto, e a temporada de furacões nos Estados Unidos, que eleva o risco de paradas na produção.

(Por Gram Slattery e Rafaella Barros)

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