O Conselho de Administração da Petrobras elegeu nesta segunda-feira (27) Caio Paes de Andrade presidente da petroleira, um nome indicado pelo governo de Jair Bolsonaro em um contexto de escalada dos preços dos combustíveis.

O cargo seguirá vigente até abril de 2023, informou a empresa em nota. É o quarto presidente da estatal desde que Bolsonaro assumiu o poder em janeiro de 2019.

Paes de Andrade substituirá José Mauro Coelho, que renunciou na segunda-feira passada, depois de apenas um mês e meio na função.

Como seus dois antecessores, Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco, Coelho se demitiu após intensas críticas de Bolsonaro à alta dos combustíveis.

A alta desenfreada dos preços ameaçam a popularidade de Bolsonaro às vésperas das eleições de outubro, nas quais tentará um novo mandato.

Na sexta-feira, o Conselho aprovou a candidatura de Paes de Andrade, nomeado pela junta como membro, além de presidente da companhia, seguindo as normas da estatal.

Paes de Andrade é funcionário público desde o início do governo de Bolsonaro e presidiu a estatal de tecnologia da informação Sepro, entre fevereiro de 2019 e agosto de 2020.

Desde então, atuava como secretário de Desburocratização do Ministério da Economia.

Além disso, figurava como membro dos conselhos administrativos das companhias públicas Pré-Sal Petróleo (PPSA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Após sua nomeação, as ações ordinárias da companhia subiam 5,98% às 17h GMT (14h em Brasília) na Bolsa de São Paulo.

– Política de preços –

Bolsonaro criticou o lucro “abusivo” da companhia, que baseia sua política de preços nas cotações internacionais de petróleo, disparadas nos últimos meses pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Dias atrás, Bolsonaro garantiu que o novo plano diretivo da Petrobras vai analisar a questão do PPI (Preço de Paridade Internacional) e, eventualmente, alterá-lo.

O Comitê de Elegibilidade da estatal aprovou Paes de Andrade, que garantiu por escrito não ter recebido nenhuma orientação específica sobre uma alteração da política de preços”, segundo uma ata do Comitê.

Bolsonaro acusou a Petrobras de “trair o povo brasileiro” e pediu ao Congresso para instalar uma comissão parlamentar para investigar os dirigentes da empresa, após altas de 5,18% da gasolina em suas refinarias e de 14,26% do diesel.

Os combustíveis subiram 29,12% em doze meses até maio, agravando uma inflação de quase 12% neste período.