O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou nesta terça-feira (22) uma “enorme” pressão sobre a Justiça antes da decisão que será emitida em 28 de julho no julgamento penal contra o popular ex-presidente de direita Álvaro Uribe, acusado de manipulação de testemunhas e suborno.
O ex-presidente de 73 anos, que governou entre 2002 e 2010, é acusado de pressionar paramilitares para que permanecessem em silêncio sobre sua suposta relação com esses sangrentos esquadrões antiguerrilha.
“Vejo a enorme quantidade de pressões sobre a Justiça que foi desencadeada. Quem exerce o cargo de juiz, homem ou mulher, tem o dever e o direito de atuar com total imparcialidade, independência e objetividade”, declarou o presidente de esquerda na rede X.
“Meu dever é proteger essa decisão, seja qual for, e a pessoa que a profira”, acrescentou, ao citar um artigo de opinião que denuncia pressões sobre a juíza do caso, Sandra Heredia.
Uribe defende sua inocência neste julgamento, o primeiro no âmbito penal contra um ex-presidente colombiano, cujo processo ele mesmo iniciou em 2012. A promotoria considera que as provas são “conclusivas” e pede à juíza que o condene.
Em 2012, Uribe denunciou o congressista de esquerda Iván Cepeda por “buscar testemunhos falsos” em prisões para vinculá-lo com paramilitares.
Mas a Suprema Corte não só se absteve de processar Cepeda, como também, em 2018, começou a investigar o ex-presidente por suspeitas de que foi ele quem tentou manipular testemunhas. Em 2020, ordenou o regime de prisão domiciliar para Uribe, então senador.
Posteriormente, o ex-presidente renunciou ao Senado e seu caso foi transferido para um tribunal ordinário, que revogou a ordem de prisão e reiniciou todo o processo.
O caso de manipulação de testemunhas é apenas a ponta do iceberg de outras investigações que vinculam Uribe a paramilitares e narcotraficantes.
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