O presidente de esquerda, Gustavo Petro, lançou um aviso nesta quarta-feira (20) à principal dissidência da extinta guerrilha das Farc, com quem rompeu um cessar-fogo: concordem com a paz ou seguirão “o caminho” do abatido chefão do crime Pablo Escobar.

Na tarde, os primeiros combates eclodiram após o fim da trégua entre o Exército e os rebeldes do Estado Maior Central (EMC), composto por rebeldes que se recusaram a assinar o acordo de paz de 2016.

As partes mantêm negociações desde o final de 2023, mas o assassinato de uma líder indígena desencadeou a crise no domingo. As conversas continuam, embora Petro tenha endurecido seu discurso contra a organização que se dedica principalmente ao narcotráfico.

“Os que estão lá no EMC têm que decidir já: ou seguem o caminho de Pablo Escobar e o Estado os enfrentará, ou seguem o caminho do serviço ao povo […] e o Estado os receberá”, disse Petro nesta quarta-feira em um comício.

Ele também comparou seu comandante, conhecido como Iván Mordisco, com Escobar, abatido pela força pública em 1993.

O líder guerrilheiro “agora está matando líderes camponeses, está assassinando o povo e fala de revolução. Que revolução, que porcaria!”, acrescentou.

“É um traficante de drogas vestido de revolucionário”, enfatizou.

Nas redes sociais, circulou um vídeo atribuído aos novos confrontos no departamento de Cauca (sudoeste), no qual tiros são ouvidos em meio a uma área florestal.

Petro afirma que o EMC está atacando indígenas e camponeses que vivem nos departamentos de Cauca, Nariño e Valle del Cauca (sudoeste).

A autoridade dos povos originários na região pediu “proteger a população e deter a violência”.

“Não podemos mais permitir que essa estrutura de traficantes que se autodenomina exército do povo continue se achando dona dos nossos territórios”, denunciou.

As negociações entre o governo e o EMC avançam com dificuldades.

Petro também dialoga desde novembro de 2022 com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e está perto de fazer o mesmo com a Segunda Marquetalia, cujo chefe é o ex-número 2 das Farc, “Iván Márquez”.

Apesar das Farc, considerada a organização rebelde mais poderosa do continente, ter acordado a paz, o conflito persiste no país e deixou mais de nove milhões de vítimas em seis décadas.

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