O deputado federal Reimont (PT-RJ) enviou uma denúncia ao Conselho Tutelar contra a colega bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC), que levou sua filha de quatro meses à Câmara na noite de quarta-feira, 6, quando a oposição obstruía a Mesa Diretora em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A parlamentar se uniu à obstrução, sentou na cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) com a bebê no colo e publicou vídeos do momento nas redes sociais. Para o petista, a ação pode ser enquadrada como exposição de criança a situação de risco.
‘Segurança da criança’ x ‘não estão preocupados’
“Júlia Zanatta ocupou de forma irregular e deliberadamente confrontacional a mesa diretora. No decorrer da ocupação, que se deu sob alertas e possibilidade de intervenção da Polícia Legislativa, a parlamentar estava acompanhada de sua filha, um bebê de colo“, escreveu o deputado.
A cena relatada gerou “sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional, circunstâncias que contrariam o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)“, concluiu Reimont na denúncia.
Zanatta admitiu ter usado a filha como escudo diante da possível intervenção da Polícia Legislativa na obstrução. “Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança. Eles querem inviabilizar o exercício profissional de uma mulher usando sim uma criança como escudo”, escreveu.
O fim da obstrução bolsonarista
Depois de horas de negociações intensas e ameaça de suspensão de mandatos, Motta conseguiu tirar os bolsonaristas da própria mesa e retomar o comando da Câmara para uma sessão que começou às 22h24.
“Dialogamos com todos os líderes dessa Casa e quero começar dizendo que a nossa presença hoje é para garantir a respeitabilidade inegociável desta mesa e para que esta Casa se fortaleça. Até para atravessar limites há limites. O que aconteceu aqui não foi bom. O que aconteceu, a obstrução, não fez bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, mas dentro do nosso regimento”, afirmou o parlamentar.