Líderes indígenas entregaram ao Congresso nesta quinta-feira (3), virtualmente, uma petição com mais de 400 mil assinaturas exigindo a retirada de garimpeiros ilegais das terras Yanomami, na Amazônia, ameaçadas pela pandemia do novo coronavírus.

Dario Kopenawa e Mauricio Yekuana entregaram o abaixo-assinado resultante da campanha “Fora Garimpo, Fora Covid”, iniciada em junho, que também denuncia a política do presidente Jair Bolsonaro em favor da exploração agropecuária e mineira da floresta.

“Queremos que as autoridades tomem providências. Não queremos mais perder nossos velhos, nossos filhos, não queremos mais chorar”, disse o líder Yanomami Dario Kopenawa durante uma reunião online com deputados e organizações ligadas à causa indígena.

Imagens de lideranças Yanomami serão exibidas nesta quinta à noite, em frente ao Congresso, em Brasília, como parte da ação.

Com mais de 174 mil mortes, o Brasil tem o segundo balanço mais letal da pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estima que a covid-19 já deixou mais de 880 mortos e 40 mil infectados, afetando 161 povos indígenas, a maioria deles na Amazônia.

“O governo está criando rapidamente condições para outro genocídio do povo Yanomami. Se as autoridades não agirem agora para expulsar os garimpeiros e impedir a propagação do coronavírus e da malária, os Yanomami, os Ye’kwana e várias comunidades isoladas altamente vulneráveis na região verão suas vidas destruídas sem chance de reparo”, disse Fiona Watson, pesquisadora da Survival International, em um comunicado.

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Associações indígenas e ONGs afirmam que há cerca de 20 mil garimpeiros ilegais nas terras Yanomami, onde vivem cerca de 27 mil indígenas, em um território de 96 mil km2 no norte do Brasil, na fronteira com a Venezuela.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, por sua vez, que o número de garimpeiros ilegais na região gira em torno de 3.500. Kopenawa se reuniu com Mourão em julho para exigir a expulsão dos exploradores.

Um relatório divulgado em novembro por associações indígenas aponta que os casos de covid-19 na terra indígena Yanomami aumentaram em mais de 250% em três meses, passando de 335 infecções em agosto para 1.202 em outubro, com 23 mortes confirmadas ou sob suspeita.

Esses dados, coletados com apoio de lideranças locais e associações da área, superam as 1.088 infecções e dez mortes reconhecidas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde em seu balanço de 2 de dezembro.


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