‘Pessoa com HIV é uma despesa para todos’, diz Bolsonaro

SÃO PAULO, 6 FEV (ANSA) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira (5) que uma pessoa portadora de HIV é uma “despesa para todos no Brasil”. “O Alexandre Garcia [ex-jornalista e apresentador da Globo] comentou que a esposa dele, que é obstetra, atendeu uma mulher que teve seu primeiro filho aos 12 anos, o segundo aos 15 e no terceiro já estava com HIV. Uma pessoa com HIV, além de ter um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil”, disse Bolsonaro durante conversa com a imprensa em Brasília. O mandatário fez o comentário ao defender a ideia da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, de que a abstinência sexual deve ser apresentada como métodos contraceptivo. “Quando ela [Damares] fala em abstinência sexual, esculhambam ela. Quem quer…Eu tenho uma filha de nove anos, você acha que eu quero minha filha grávida no ano que vem? Não tem cabimento isso ai. É essa a campanha que ela faz”, declarou. Ao ser questionado pela imprensa sobre o corte expressivo para políticas de combate à violência contra a mulher, Bolsonaro ressaltou que Damares é nota “10” nesse tema. Segundo ele, a área não precisa de dinheiro e sim de “postura, mudança de comportamento e conscientização”. “Esse comportamento que pregaram de que vale tudo, que glamoriza certos comportamentos que um chefe de família não concorda, é uma depravação total”, continuou. A declaração de Bolsonaro provou diversas reações, incluindo da Associação Brasileira interdisciplinar de AIDS (ABIA), que repudiou a fala e ressaltou que ela reforça “o estigma, o preconceito e a discriminação contra as pessoas que vivem com HIV/Aids neste país”. Em nota, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, a ABIA ainda informou que o governo brasileiro “ignora cotidianamente os direitos humanos fundamentais” e que as políticas de abstinência sexual não reduzem os números de infecção. “Ao dizer que as pessoas vivendo com HIV causam prejuízo à sociedade, o presidente autoriza tacitamente o estigma, a discriminação e a violação dos seus direitos humanos”, concluiu o texto da entidade. (ANSA)