Observações feitas pelo JWST (Telescópio Espacial James Webb), ainda em 2023, conseguiram obter mais detalhes da atmosfera do exoplaneta K2-18b. De acordo com a National Geographic, pesquisadores europeus encontraram metano e dióxido de carbono, além de pouca amônia, entre a composição da camada de gases que envolve o astro. A descoberta sugere que o orbe tenha oceanos, o que possibilitaria a vida no local.

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O K2-18b está na zona habitável do seu sistema solar e está a uma distância de 120 anos-luz da Terra. Apesar da descoberta, o planeta não é o primeiro a ser considerado como propício à vida. Em dezembro de 2023, a Nasa anunciou que existem 17 astros, que podem conter oceanos de água líquida abaixo de espessas camadas de gelo, como o que é observado na lua Europa, que orbita Júpiter. Entre estes orbes, os mais citados são: Proxima Centauri b, LHS 1140 b, Kepler 441b e MOA 2007 BLG 192Lb.

A pesquisa da agência estadunidense explica que apesar de não estarem na zona habitável do próprio sistema solar, esses exoplanetas possuiriam uma capacidade de gerar calor internamente que possibilitaria a existência de oceanos líquidos e o surgimento de vida. Estimativas de cientistas sugerem que o líquido desses astros poderia ocasionalmente chegar a ser expelido pelas camadas de gelo na forma de gêiseres.

Como é a busca por vida extraterrestre?

Partindo do princípio de que a vida não poderia ser tão diferente de como a conhecemos, seria necessário que um planeta estivesse em uma zona habitável e tivesse água líquida na sua superfície. De acordo com a Nasa, as zonas habitáveis equivalem à astros que estejam distantes o suficiente de uma estrela, trazendo a possibilidade da existência de água no estado líquido, o que tornaria o orbe em um local favorável para o surgimento de vida, já que as temperaturas não seriam tão quentes ou frias.

Ainda segundo a agência espacial, organismos extremófilos, seres que sobrevivem em ambientes extremos quando comparados às de outros seres vivos, também são estudados para avaliar locais onde a vida pode surgir. Tal descoberta traria mais detalhes sobre o surgimento e desenvolvimento da vida, bem como responder um dos maiores questionamentos da humanidade, se estamos sozinhos no universo.

Importância do K2-18b

Com um tamanho maior do que a Terra, mas um pouco menor do que o gigante gasoso Netuno, o K2-18b entrou para uma categoria definida por Nikku Madhusudhan, astrônomo da Universidade de Cambridge e autor do artigo que anunciou os resultados das últimas observações, como Hycean Worlds (Mundos Oceânicos com Hidrogênio). Entretanto, apesar do grande potencial, mais trabalhos precisam ser feitos para confirmar os resultados do estudo.

O professor do departamento de Astronomia da USP, Jorge Meléndez explica que os exoplanetas são planetas que estão fora do nosso Sistema Solar e que o K2-18b foi descoberto em 2015 pelo telescópio Kepler, além de comentar sobre a recente pesquisa feita com o JWST. “Foi sugerida a presença da molécula de sulfeto de dimetila, o que sugeriria uma possível evidência de vida. No entanto, a possível detecção não tem ainda o nível de confiabilidade requerido, portanto é ainda uma especulação.”

Jorge Meléndez conclui que ainda são necessários vários avanços tecnológicos para que a possibilidade de encontrar vida fora da Terra seja maior. “Não está claro se isso é possível com a instrumentação atual, pois estamos bem no limite da capacidade dos telescópios”, complementando que há o estudo de uma nova missão da Nasa, prevista para a década de 2030 a 2040, que tenha a capacidade necessária de tentar descobrir vida.

**Estagiário sob supervisão