Pesquisadores registraram pela primeira vez imagens de penetração de duas baleias-jubarte. E essa não é a única novidade. As fotografias também são as primeiras a documentar atividade sexual entre dois machos.

Os registro foram feitos na ilha de Maui, no Havaí, por cientistas da comunidade, e datam de 19 de janeiro de 2022. Naquele dia, um barco encontrou dois machos de baleias-jubarte. Como estavam entre 3 a 5 metros abaixo da superfície, os animais ainda estavam visíveis. Os registros foram feitos de baixo d’água a partir da escada traseira do barco e em cima de sua lateral.

Inicialmente, o interesse em documentar os dois mamíferos surgiu por causa da cor marrom de uma das baleias. Um dos animais fazia movimentos circulares lentos ao redor da embarcação, enquanto o outro seguia logo atrás. A pesquisa avalia que é possível que a primeira baleia estivesse tentando bloquear ou conseguir refúgio da outra.

Durante o evento, com frequência a baleia que estava atrás se aproximava do parceiro, o penetrava pelo abertura da genital e usava suas nadadeiras peitorais para segurá-la. Esse comportamento de agarrar o parceiro com as nadadeiras parece ser típico da copulação para baleias-jubarte, conforme o estudo.

A baleia que foi penetrada sofria com um ferimento na mandíbula e, também, com parasitas chamados Piolho de Baleia, que vivem na pele de baleias-jubarte e podem se proliferar nesses grades mamíferos machucados. Isso sugere que, no caso dos animais observados, a primeira baleia estava com saúde deteriorada e talvez estivesse morrendo.

Os registros, feitos pelo estudiosos Brandi Romano e Lyle Krannichfeld, foram publicados em 27 de fevereiro na revista Marine Mammal Science.

No reino animal, um dos motivos que explicam práticas homossexuais estão aprender comportamentos reprodutivos, estabelecer ou reforçar dominância, formar alianças ou diminuir a tensão.

No caso das baleias registradas, uma das explicações para o ocorrido é que a segunda baleia buscava expressar sua dominância sobre um possível competidor que já estava fraco. Mas, os cientistas também avaliam outras razões, como uma tentativa de reforçar uma aliança com um membro do grupo doente, ou mesmo que a baleia tenha confundido de parceiro sexual.

O estudo destaca que o comportamento sexual desvinculado de sua função reprodutiva ocorre em diversas espécies no reino animal, seja por interação entre indivíduos do mesmo sexo ou heterossexual em contextos não-reprodutivos.

No caso de animais marinhos, algumas espécies que apresentam comportamento homossexual são: morsa, foca cinzenta, além de espécies de golfinho – como o boto-cinza do Rio Amazonas, e outras espécies de baleias.