Torcer contra a Argentina é um perigo para o coração. É o que uma pesquisa realizada por um grupo de cardiologistas do Instituto Dante Pazzanese, apontou em 2014. Durante a Copa do Mundo disputada no Brasil, oito unidades de prontos socorros em São Paulo receberam questionários que foram aplicados em dias de jogos da Copa do Mundo nos pacientes que foram internados com problemas cardiológicos.

“A gente queria saber o que acontece com o torcedor em jogos do Brasil e também em outras partidas do Mundial”, disse o doutor Nabil Ghoraiyeb, cardiologista e médico do esporte do Pazzanese e do HCor. Quando a seleção brasileira dirigida por Luiz Felipe Scolari ia jogar, este levantamento era feito um dia antes, um durante a partida e outro depois.

Na Copa do Mundo de 2014, o maior índice de torcedores com pressão arterial alta ou outros sintomas de tensão e risco para o coração aconteceu fora de confrontos envolvendo o Brasil. O número mais alto foi na final do torneio, quando Alemanha e Argentina disputaram o título.

‘Brasil me diz como se sente’ foi a música tema dos argentinos em 2014

O Dr. Ghorayeb explica porque: “Os pacientes disseram que estavam secando a Argentina e o jogo só foi resolvido na prorrogação. Eles não podiam deixar a Argentina ganhar a Copa e isso aumentou o nervosismo”, contou.

No ano seguinte, em 2015, o Dr. Nabil apresentou o relatório num Congresso Europeu de Cardiologia realizado em Londres. Ele surpreendeu os colegas com os dados coletado na pesquisa chamada Copa 2. “Este simples levantamento mostrou que realmente, o brasileiro não gosta da Argentina no futebol. Os pacientes não admitiam ver os argentinos campeões”, falou em tom divertido.

Curiosamente, a derrota humilhante para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal, não fez estragos às artérias coronárias. “Foi um dia com índices bem baixos”, falou o Dr. Ghorayeb. O cardiologista, aliás, suspeita que a derrota foi tão rápida e acachapante que os torcedores nem tiveram tempo para ficarem nervosos.

Os médicos do Dante Pazzanese, com coordenação do diretor de pesquisa Álvaro Avezun, iniciaram este estudo em 2010, quando começaram a mapear quem dava entrada nos hospitais com queixas de problemas cardiológicos. Na Copa do Mundo da África do Sul, o jogo que levou mais gente para os oito PAs foi Brasil x Holanda, pelas quartas de final, quanto a equipe dirigida por Dunga começou vencendo e depois perdeu para os holandeses, comandados por Arjen Robben. “O número foi 28 por cento superior aos jogos anteriores”, afirmou Ghorayeb.

Os argentinos, tradicionais rivais dos brasileiros no futebol sul-americano, atiçam ainda mais esta tensão. Em 2014, eles chegaram no Rio de Janeiro aos milhares e tiveram que ser confinados em uma área na entrada do Sambódromo. A Argentina chegou à final e os “hinchas” souberam irritar os locais com a musiquinha “Brasil Decime Que se Siente” onde, numa letra improvisa em cima de uma música do Creedence Clearwater Revival, lembram a vitória argentina sobre o Brasil na Copa de 90 e ainda provocam ao cantar que Maradona foi melhor do que Pelé.

Agora, já nas ruas e no metrô de Moscou os turistas da Argentina chegaram com um novo canto, de novo provocando o Brasil. Em cima da melodia do rock Impossible, do grupo Callejeros, eles cantam que os brasileiros vão chorar de novo, lembram, que a Ilhas Malvinas são deles e que, em 2018, a Argentina será a campeã.

https://www.youtube.com/watch?v=4fpoBsh26ro&feature=youtu.be

 

CUIDADOS COM O CORAÇÃO

Não dá para saber se os argentinos vão se dar bem neste Mundial (eles não são campeões desde 1986, no México) nem se o time de Tite e Neymar vai disputar o título desta vez. Mas o Dr. Nabil Ghorayeb aconselha aos torcedores que tomem algumas precauções caso a tensão suba.

  • Se você tiver problemas de pressão ou coração, é importante ver os jogos sempre acompanhado
  • Se você já utilizar remédios, o ideal é fazer uso dele antes da partida
  • Se você fica nervoso, mas não tem receita médica, apele para calmantes fitoterápicos (à base de maracujá ou passiflora)
  • Evite beber demais. “Dois copos de vinho ou duas latas de cerveja são o limite”, disse mesmo sabendo que esta é uma recomendação muitas vezes ignoradas.
  • Se beber, coma.