Uma história de sobrevivência e tragédia marcou as águas do litoral Sul de Santa Catarina, quando o barco de pesca Safadi Seif virou de cabeça para baixo, no dia 16 de junho, deixando os tripulantes em uma luta pela vida. Deivid Ferreira, um dos sobreviventes, compartilhou os momentos de angústia que viveu em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, no domingo, dia 25.

Cerca de 24 horas após o naufrágio, no dia 17 de junho, cinco dos tripulantes foram resgatados com vida, em um pequeno bote. No entanto, a aflição continuou para três pescadores, que permaneceram perdidos em alto-mar. Após passar mais de 48 horas à deriva, apenas Deivid foi resgatado.

Conforme o relato dele, o naufrágio foi desencadeado por duas ondas, que viraram o barco violentamente, lançando os dois colegas de equipe, Diego Brito e Alisson Santos, ao mar. “Quando jogou eles, eu já não vi mais. Eu os escutava gritando e fiz questão de pular”, contou Deivid.

Ele saltou no mar segurando boias de salvamento, junto dos dois amigos, mas a correnteza implacável os arrastou, deixando-os perdidos no oceano. “De longe dava para ver o claro do barco e, poucos minutos depois, já não vi mais. E daí ficamos à deriva”, recorda.

O mar agitado dificultou as buscas, mesmo com o auxílio de um helicóptero. A Marinha enfrentou dificuldades na busca dos homens na vastidão do mar. E com a demora para o resgate, Deivid viu o pior acontecer. “Eu perdi o Diego primeiro. Perdi no sábado, amanhecendo para o domingo. Quando foi umas 16h eu perdi o Alisson”, lamenta.

Frio, medo e ansiedade para se manter vivo

Os dois tripulantes foram arrastados para longe e, desde então, não foram encontrados. Além do cansaço físico, o esgotamento mental após a perda dos amigos começou a afetar Deivid. “Eu me desesperei e comecei a nadar igual a um desnorteado, sem saber para onde ir”, conta.

A derivação continuou e Deivid foi levado a uma distância de 200 quilômetros de Florianópolis. Ao ser despertado por uma onda, ele avistou um helicóptero se aproximando a cerca de 30 metros de altura. “Dei com a mão. Eles passaram por cima de mim e eu pensei: ‘será que não viram?’ Aí eu dei a segunda vez com a mão e eles vieram”, relatou.

O terceiro sargento da Marinha, Denilson da Silva, conta que desceu do helicóptero para o resgate preocupado em retirar Deivid, colocar no cesto rapidamente, mas de forma segura. “A vítima estava debilitada, devido ao tempo prolongado que ficou ali na condição de água muito fria”, relata o sargento.

Resgatado, a principal preocupação era a temperatura corporal dele. Deivid foi levado ao hospital, onde está internado sem previsão de alta devido a uma febre que continua sendo investigada. O diretor do hospital, Thiago Tomaz, destacou o pescador precisou ter “muita força física e, especialmente, força mental” para sobreviver às horas em alto-mar.