Eis uma informação que qualquer jornalista com um mínimo de alma, humanidade e racionalidade não gostaria de dar. Se o faz, é por dever de ofício: na semana passada, o planeta Terra ultrapassou a marca de um milhão de mortos por Covid-19. A fonte é uma das mais confiáveis em todo o mundo: Universidade Johns Hopkins, nos EUA. “Por incrível que possa ser, mas é”, evocando aqui a dura e fria filosofia da genial Hannah Arendt sobre o Holocausto, alavancaram o índice de óbitos os dois maiores países do continente americano. Um é rico: EUA; o outro é pobre, muito pobre: Brasil. Ambos são, no entanto, presididos por irresponsáveis que ideologizaram e partidarizaram o vírus. Na quinta-feira 1, Donald Trump deveria ser judicialmente obrigado a responder por seus mais de 213 mil mortos; e Jair Bolsonaro teria de seguir o mesmo caminho dando conta de cerca de 144 mil falecimentos. Houve, sim, tragédias piores causadas por agentes infecciosos. Mas isso não quer dizer que devamos relativizar a tragédia de agora — até porque esse um milhão é muito mais, a julgar pelas palavras de Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS: “Esse número é uma fração da realidade. É uma subavaliação”. Pêsames, Trump e Bolsonaro. Pêsames pela política que conduziram: o vírus seria uma conspiração internacional de mercado, uma conspiração comunista, nada mais que uma gripezinha. Bolsonaro e sua mentirosa cloroquina, charlatão a receitar emplasto para doença que mata. Trump defendendo a tomada de desinfetante.

Vírus e mortes

Gripe Espanhola
(1918 – 1920) 100 milhões

HIV
(1982 – 2016) 35 milhões

Gripe de Hong Kong
(1968 – 1969) 1 milhão

CORRUPÇÃO
MP conclui: Flávio Bolsonaro usou milhões da “rachadinha”

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GABRIELA BILO

O Ministério Público do Rio de Janeiro colocou um ponto final na investigação sobre a “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro (foto) quando ele era deputado estadual. Conclusão: O agora senador utilizou nada menos que R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo oriundos desse esquema. Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz (“presidente, por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle?”) serão denunciados à Justiça e se tornarão réus.

SOCIEDADE
O Leblon não é mais aquele…

Divulgação

Retrato de parte do Brasil na pandemia. Duas mulheres de biquíni dançam e se beijam no banco traseiro de um carro, no Leblon, luxuoso bairro do Rio de Janeiro. Aline, que está em um bar, vai para a rua e arremessa copos para o interior do veículo. Scheila, uma das que dançavam no veículo, sai dele e agride Aline, cujo companheiro, para defendê-la, arranca o biquíni de Sheila. O barraco foi filmado e nutriu as redes sociais. Aí, descobriu-se: Wilton, o dono do carro, tem passagem na polícia por briga no Maracanã; e Aline também tem passagem na polícia, acusada de bater na sogra. Relembrando: retrato de parte do Brasil na pandemia.

CULTURA
De Machado, sobre Pedro II

Divulgação

Oficializou-se na semana passada: um artigo de duas páginas e meia e trinta e um parágrafos sobre dom Pedro II, publicado na revista “”Espelho” em 6 de novembro de 1859, é de Machado de Assis. Não tem relevância literária — Machado contava com 20 anos e engatinhava nas letras. Hoje é reconhecido como o maior escritor brasileiro e um dos principais em todo o mundo. Assim, uma palavra que seja, escrita por ele no início de sua vida profissional, tem mesmo de guardar imensurável valor histórico. A revista, em sua edição de número 6, anunciou que na de número 10 sairia uma biografia de Pedro II feita pelo Bruxo do Cosme Velho. Trata-se de uma exagerada série de elogios ao rei. É natural que o rapaz nascido no Morro do Livramento, paupérrimo, negro e epilético venerasse o imperador. A descoberta é da historiadora Cristiane Garcia Teixeira.

 


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