O confronto entre manifestantes e policiais em Macusani, no sul do Peru, na quarta-feira (18), deixou ao menos um morto, aumentando a tensão na véspera de um grande protesto que reunirá centenas de manifestantes dos Andes em uma marcha até a capital do país, Lima, nesta quinta-feira (19).

Com esta morte, sobe para 43 o número de óbitos desde o início da crise, em 7 de dezembro.

“Às 18h20 (20h20 no horário de Brasília), uma mulher de cerca de 35 anos, que não apresentava sinais vitais, deu entrada no pronto-socorro”, informou o hospital San Martín de Porres de Macusani, cidade andina da região de Puno, perto da fronteira com a Bolívia.

A declaração também mencionou um “prognóstico reservado” para um homem de 30 anos ferido no “tórax”.

Segundo fotos divulgadas pela imprensa local, a delegacia da cidade foi incendiada durante os confrontos. Policiais foram resgatados de helicóptero para salvarem suas vidas durante o ataque à delegacia, disse o canal de televisão N, sem mostrar imagens.

Os manifestantes exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte e novas eleições no Peru. Eles convocaram uma greve geral para esta quinta-feira, assim como uma grande manifestação em Lima, para onde milhares de camponeses andinos se deslocaram nos últimos dias. Esperam “tomar Lima” e causar impacto.

“Em Lima, a luta terá mais peso. Quando nos reprimem nas nossas regiões, ninguém fala nada”, disse Abdon Félix Flores, de 30 anos, camponês que se diz pronto “para dar a vida”. Ele deixou Andahuaylas no domingo (15), epicentro das manifestações de dezembro, para chegar a Lima na terça-feira.

Até o momento, não foi possível saber exatamente o alcance da manifestação e quantas pessoas chegaram a Lima.

Embora o governo tenha decretado estado de emergência por 30 dias no domingo em Lima, Cuzco, Callao e Puno, o sindicalista Gerónimo López, que convocou a greve, disse que os organizadores não solicitaram autorização para a manifestação.

“Não há autorização da polícia. Nunca se pede autorização para uma manifestação social, não é uma obrigação que nos autorizem”, afirmou, apesar de o estado de emergência suspender as liberdades de reunião e de circulação, além de permitir a intervenção do Exército para manter a ordem.

“É uma manifestação justa e democrática dos cidadãos que chegaram das regiões e também daqui, de Lima, onde pedem a renúncia imediata de Dina Boluarte, a convocação de novas eleições para este ano de 2023 e o fechamento do Congresso”, acrescentou.

“É uma greve cívica popular nacional com manifestações pacíficas de organizações de diferentes regiões, evitando qualquer ato de vandalismo”, completou.