Uma epidemia de dengue já causou 445 mortes no Peru desde janeiro, o pior registro desde que a doença ressurgiu há quatro décadas, informou o Ministério da Saúde do país andino nesta segunda-feira (27).

Desde a primeira semana de janeiro até meados de novembro, “os casos de dengue no país aumentaram para 270.978 e os mortos para 445”, indicou a autoridade sanitária em um comunicado.

Duas regiões do litoral norte peruano, Piura e Lambayeque, registraram 65% dessas mortes. Essas áreas têm sido bastante afetadas por chuvas intensas e inundações causadas pelo fenômeno climático El Niño, e também sofreram com a passagem do ciclone Yaku entre março e abril.

Segundo o relatório, o maior número de mortes foi registrado nos meses de maio (124) e junho (136). Com exceção destes, o número médio de mortes é de 18 por mês.

Em maio, o governo decretou por 120 dias uma “emergência sanitária” em 20 dos 25 departamentos (estados) do Peru pelo surto de dengue.

As cifras de 2023 superam amplamente as de 2022, quando foram reportados 64.000 casos e 86 mortes. Além disso, o surto este ano provocou o colapso de hospitais nas regiões do norte.

As chuvas destruíram sistemas de água potável e esgoto, propiciando surtos de dengue, leptospirose e doenças diarreicas, sobretudo em áreas empobrecidas e vulneráveis.

A dengue é uma enfermidade endêmica de regiões tropicais, transmitida por mosquitos, que provoca febre alta, dor de cabeça, náusea, vômito, dor muscular e, nos casos mais graves, hemorragias que podem causar a morte.

Foi detectada no Peru pela primeira vez em 1956 e reapareceu em 1984, se tornando uma doença endêmica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma combinação de fatores, entre eles a mudança climática e o fenômeno El Niño, contribuíram este ano para o surgimento de graves epidemias de dengue em diversas partes do mundo, como Bangladesh, América do Sul e países da África Subsaariana.

A dengue é um vírus presente em países quentes, que afeta principalmente as zonas urbanas e semiurbanas, e causa entre 100 e 400 milhões de infecções a cada ano, segundo a OMS.

Em Bangladesh, a doença já deixou, desde o início de ano, 1.006 mortes e cerca de 200.000 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde do oitavo país mais populoso do mundo.

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