A líder da oposição no Peru, Keiko Fujimori, negou nesta terça-feira (13) ter recebido fundos da construtora brasileira Odebrecht para financiar sua campanha eleitoral, após depor em uma comissão do Congresso que investiga os desdobramentos da operação “Lava Jato” no país.
“Nem o partido Força Popular recebeu dinheiro algum de Marcelo Odebrecht, nem de nenhum funcionário de sua empresa, nem de nenhuma empresa brasileira”, disse Fujimori ante uma comissão do Parlamento que avalia as conexões entre a política peruana e o escândalo de corrupção de pagamento de subornos em troca de obras públicas no Brasil e na América Latina.
O nome de Fujimori, ex-candidata presidencial em 2011 e 2016 apareceu em uma agenda do celular do ex-diretor-executivo da empresa, Marcelo Odebrecht, na qual o empresário parecia dar instruções sobre o fornecimento de dinheiro para a campanha eleitoral do ano de 2011.
“Aumentar Keiko para 500 e eu fazer visita”, diz a nota que está nas mãos do Ministério Público peruano, enviada pelo Ministério Público Federal brasileiro em agosto passado.
Segundo relatos da imprensa, isso seria uma alusão à campanha eleitoral de 2011, que Fujimori perdeu para Ollanta Humala.
“Não conheço o senhor Odebrecht”, reforçou a filha mais velha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso e cumpre pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade durante sua gestão de 1990 a 2000.
Segundo a líder da oposição, “nessa anotação fica claro que foi uma intenção de aproximação que nunca aconteceu”.
Fujimori definiu a Odebrecht como uma “grande máfica internacional que se instalou na América Latina”.
O MP investiga supostas irregularidades no financiamento de sua campanha eleitoral. Este caso se baseia justamente nas anotações da agenda de Marcelo.
Segundo a Força Popular, a filha do ex-presidente recebeu doações para sua campanha após coquetéis com empresários, políticos e simpatizantes.
A Odebrecht admite que realizou pagamento ilícitos no Peru de 29 milhões de dólares entre 2005 e 2014, durante as gestões de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala. Toledo foi acusado de ter recebido 20 milhões de dólares, enquanto Humala e sua mulher cumprem prisão preventiva de 18 meses por supostamente terem recebido 3 milhões de dólares da Odebrecht para sua campanha presidencial de 2011.