O Peru lançou um alerta epidemiológico nacional nesta quarta-feira (28), com inspeções porta a porta, após detectar em Lima o primeiro caso de difteria em 20 anos, em meio aos esforços para conter o novo coronavírus.

“O Hospital 2 de Mayo [de Lima] identificou e notificou imediatamente o caso à Epidemiologia”, disse o vice-ministro da Saúde, Luis Suárez, durante coletiva de imprensa.

A doente é uma menina de cinco anos da região central de Lima. Na vizinhança, as autoridades sanitárias, acompanhadas de patrulhas militares, começaram a fazer controles preventivos casa por casa para detectar outros possíveis casos e vacinar os moradores, tanto adultos quanto crianças.

“Foram mobilizadas 50 brigadas, compostas de um médico e uma enfermeira, para saber se há algum outro suspeito ou pessoa que possa ter a doença”, disse à AFP o diretor das redes de Saúde de Lima Centro, Alfredo Centurión.

“Como segundo objetivo, as pessoas estão sendo vacinadas, sobretudo as crianças que não tiverem o calendário de vacinação atualizado. Estamos vacinando um setor de 130 quarteirões circundantes à residência da menina”, acrescentou.

A menina mora com a família em La Victoria, um distrito populoso com muitas indústrias, comércios, e 200.000 habitantes, perto do centro histórico da capital peruana. Ali fica Gamarra, um conhecido empório têxtil do Peru.

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“Estamos em alerta para estender a vacinação aonde for necessário se aparecerem outros casos similares”, disse Centurión.

A menina, que foi hospitalizada, mas se encontra estável, pertence a uma família da Amazônia, radicada em Lima há um ano.

Ela tinha sido vacinada contra a difteria ao nascer, mas não recebeu as doses de reforço. Portanto, “é uma menina não vacinada”, disse o vice-ministro.

Suárez lembrou que o último caso da doença – que afeta principalmente a faringe e pode ser fatal em 10% dos pacientes – tinha sido registrado no ano 2000.

O vice-ministro explicou que a difteria causa, no geral, “placas esbranquiçadas no aparelho respiratório alto”, com “febre alta, dor ao deglutir”.

Há quase três meses, a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) tinha alertado que a pandemia de covid-19 provocava um “impacto devastador” na atenção sanitária na América Latina e no Caribe e que havia um surto de sarampo no Brasil e casos de difteria no Haiti e na Venezuela.

Na ocasião, a Opas destacou que, por causa do novo coronavírus, foram suspensas as campanhas de vacinação de rotina, havia problemas para a atenção a gravidez e doenças não transmissíveis, como a hipertensão e a diabetes, assim como escassez de medicamentos para tratar o HIV e a tuberculose.

O caso de difteria foi detectado quando o Peru registra 892 mil casos e 34 mil mortos pela covid-19, em meio a uma lenta, porém constante redução dos novos contágios e óbitos há pouco mais de dois meses.

Nesta quarta, o governo peruano decidiu prorrogar por um mês, até o fim de novembro, o estado de emergência sanitária por causa da pandemia, o que inclui a proibição de reuniões.


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