O governo interino do Peru descartou nesta quinta-feira (21) o adiamento das eleições presidenciais e parlamentares de 11 de abril em função da segunda onda de contaminações por covid-19 que atinge o país desde o início do mês.

“Não paramos, continuamos trabalhando e enfatizamos que o governo está comprometido em realizar as eleições em 11 de abril”, afirmou o presidente Franciso Sagasti a jornalistas.

“Temos um marco legal estabelecido e estamos aderindo a ele”, continuou, reiterando que as eleições ocorrerão na data para a qual foram convocadas: 11 de abril.

O preocupante aumento desde o início do mês de mortes por covid-19, assim como dos casos confirmados da doença, levaram o governo a admitir que o país entrou em uma segunda onda da pandemia.

Mas diante dos alertas de fontes sanitárias de que os maiores efeitos dessa nova fase de contaminações, com pelo menos dois casos da cepa britânica do vírus detectadas, serão sentidos nos meses de fevereiro e março, muitas vozes pedem pelo adiamento das eleições.

“Não podemos ser indolentes e irresponsáveis e chegar em março com hospitais destruídos e – Deus nos livre – com mortos nas ruas e fingir que no dia 11 de abril iremos às eleições”, analisou Daniel Salaverry, candidato à presidência pelo partido Somos Peru.

Em janeiro, o número de mortos passou de uma média de 50 por dia para mais de cem na última semana. As infecções diárias aumentaram de 1.000 para 5.000.

A campanha presidencial peruana é realizada sob restrições, como a proibição de reuniões públicas para evitar aglomerações, consideradas uma das fontes de contágio.

Sagasti lidera um governo interino desde 17 de novembro, como chefe do Congresso, após a crise política que abalou o país naquele mês com o afastamento de Martín Vizcarra e a renúncia de seu sucessor Manuel Merino em meio a protestos que deixaram dois mortos.

O próximo presidente eleito deverá tomar posse no dia 28 de julho, com mandato de cinco anos.

O Peru, com 33 milhões de habitantes, registrou pouco mais de um milhão de infecções e cerca de 39.100 mortes desde o início da pandemia, em março.